terça-feira, 21 de maio de 2013

Brasil III

24/04/2013 - 290° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado exclusivamente ao descanso.
Com o diário de bordo devidamente atualizado, aproveitei o dia para realmente descansar, física e psicologicamente.
A minha anfitriã está na árdua tarefa de finalizar o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e, consequentemente, sem tempo disponível para realizar qualquer passeio pela região. Tudo indica que até o final do mês ela consiga superar essa fase e na sequencia possa me fazer companhia para conhecer um pouco melhor a Amazônia.
25/04/2013 - 291° dia - Manaus (Folga)
Aproveitei o dia para deixar a minha bagagem organizada.
Ainda devo permanecer mais um período na cidade, no entanto, para não deixar tudo para arrumar na última hora, achei válido separar aquilo que deveria ser lavado e o que não precisa mais me acompanhar em território nacional, como por exemplo, livros e vestimentas para frio intenso. A Fabiane vai me ajudar a encontrar uma forma de enviar essas coisas para o Sul. Assim será possível continuar a parte final da viagem com um pouco menos de peso.
26/04/2013 - 292° dia - Manaus (Folga)
Mais um dia tranquilo.
O destaque de hoje fica por conta de uma triste realidade do cotidiano de muitos amazonenses; a falta de água. Sim, pode acreditar, esse problema acontece na capital que tem no “quintal” de casa, o maior rio do mundo. É simplesmente uma vergonha para o poder público, em todas as esferas, deixar a situação chegar a esse ponto.
A escassez de água é uma questão antiga na cidade e atualmente muitas casas não recebem água com regularidade. O que tem acontecido na região onde está localizada a residência da minha anfitriã é que a caixa d’água é abastecida somente no período da noite. Isso quando recebe água, algo que não ocorre momentaneamente. As autoridades responsáveis justificaram que esse último problema é em razão da ruptura de uma tubulação, contudo, não especificaram uma data para a “normalização” do sistema.
A falta de água tornou uma cena comum pelas ruas do bairro; inúmeros moradores se deslocando ao posto de combustível para encher baldes e galões com a água de um poço artesiano. Não é de se estranhar que dependendo do horário se forme fila no local, afinal, o mesmo se torna uma das poucas alternativas para quem vive nas redondezas. Claro que não fiquei imune a essa realidade e também entrei na espera para, ao menos, reabastecer as garrafas com o liquido indispensável. Espero que o problema seja resolvido o mais rápido possível.
27/04/2013 - 293° dia - Manaus (Folga)
O reabastecimento de água não voltou ao normal e por isso tornei a buscar um lugar onde a mesma estivesse disponível. Dessa vez o deslocamento foi menor e precisei apenas atravessar a rua para utilizar o poço artesiano de uma indústria. O porteiro que nos concedeu permissão acabou por dizer que me viu na televisão. Ele tinha acompanhado a entrevista no Globo Esporte que foi exibida no início da semana.
Em um primeiro momento desconfiei se o porteiro fazia mesmo referência à minha pessoa, afinal, ele apenas questionou se era eu que andava de bicicleta pelo mundo. Mas no decorrer da conversa ele mencionou a panela (mostrada na reportagem) que utilizo para fazer as refeições e então não tive mais dúvidas que realmente ele tinha acompanhado a matéria e, sobretudo, ainda lembrava do assunto abordado.
A matéria no Globo Esporte foi curta, contudo, suficiente para não ser facilmente esquecida. Em um mundo globalizado e conectado a vários meios de comunicação, onde milhares de notícias chegam a todo momento, fiquei muito feliz em saber que a entrevista não foi em vão e permaneceu, por exemplo, na lembrança daquele senhor. Talvez aquele porteiro nunca pegue uma bicicleta para pedalar, mas foi mostrado a ele que existe uma opção diferente, mas real, para se locomover e, principalmente, de viver.
Em uma sociedade desacreditada, esperança pode ser a chave para começar a transformação para um mundo melhor. Acredito que tenho feito a minha parte, embora muito mais ainda possa ser realizado.
28/04/2013 - 294° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado quase exclusivamente ao descanso, digo quase, porque aproveitei a chuva de ontem à noite para armazenar água e lavar a roupa que já estava praticamente toda suja. Como a quantidade de vestimentas na bagagem é limitada, rapidamente fico sem muita opção para vestir e por isso tenho que lavar com certa frequência. Faz parte.
29/04/2013 - 295° dia - Manaus (Folga)
O primeiro dia do resto das nossas vidas.
Retorno à UFAM para um dia mais do que especial.
Hoje foi a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso da Fabiane. Durante praticamente um mês acompanhei essa fase final para a entrega e apresentação do último trabalho para ela finalmente receber o diploma de bacharel em Serviço Social.
Na universidade a defesa foi um sucesso e a aprovação garantida. Sem dúvida um momento para a posteridade. O encerramento de um ciclo e o começo de um novo no qual eu também desejo estar presente. O motivo? Eu simplesmente encontrei a pessoa com quem compartilharei a minha vida e o meu amor. Surpresos? Eu também!

Defesa do Trabalho de Conclusão de Curso da Fabiane.
Um registro para posteridade; Daiany, Clau, Fabiane, eu e Alcione.
A vida é realmente repleta de surpresas. Até pouco tempo atrás eu tinha plena convicção de que não me envolveria em um relacionamento tão cedo, ainda mais durante a expedição. Estava com inúmeros planos para o futuro. Muitas pessoas com quem conversei durante esses meses podem facilmente confirmar esse meu pensamento. Mas é como disse Luís Fernando Verissimo: Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
Por muitos motivos, conhecer a Fabiane foi, sem dúvida, um dos melhores acontecimentos da minha vida. Quando cheguei à sua casa, apenas enquanto um hóspede, não tinha idéia do que estava por acontecer, afinal, como mencionei, não havia pretensão de me envolver com alguém a essa altura da viagem. Mas foi simplesmente impossível ficar indiferente ao sentimento que naturalmente tornou-se cada dia mais forte.
A nossa história está apenas no começo, mas renderia um livro em razão do modo especial como as coisas vêm acontecendo. Não acreditamos que nosso encontro tenha sido obra do acaso. Hoje, por exemplo, consigo visualizar que a mudança no itinerário (antes passaria pelas Guianas e Suriname) tinha que acontecer. Muitas vezes temos nossos próprios planos, mas existe um plano Superior que é muito maior e melhor e que mais cedo ou mais tarde, passa a fazer todo sentido.
Estou extremamente feliz, apaixonado e com inúmeros planos novos para o futuro. A expedição vai continuar, contudo, passarei mais alguns dias com a minha amada antes de seguir viagem para Belém. Tenho que aproveitar cada segundo ao seu lado porque nosso próximo encontro está marcado somente para daqui alguns meses, no meu retorno ao Paraná.
De volta à UFAM. Após a defesa nós continuamos na universidade para almoçar e assistir outras apresentações de TCC. No final do dia terminamos na festa surpresa (aniversário) para a reitora. Apenas a amiga Alcione estava oficialmente convidada, mas ainda assim, conseguimos, meio de penetra, entrar no "salão nobre". No final das contas, havíamos, cada um à sua maneira, colaborado com a recente campanha que possibilitou mais um mandato à reitora, ou seja, a festa não poderia acontecer sem a nossa ilustre presença (Risada Sacana). O banquete estava caprichado e digno para comemorarmos em grande estilo a aprovação da Fabiane. 
Almoço reforçado na UFAM.
Um brinde à ousadia de ser feliz.
Registro com a reitora (camisa vermelha) da UFAM. Coisa que o cicloturismo e amigos proporcionam. Risada Sacana.
As responsáveis pelo momento inesquecível.
Pôr-do-sol maravilhoso. 
No final da noite, antes de retornarmos para casa, ainda passamos na residência da avó da Fabiane para, além de poder conhecê-la, provar um delicioso açaí direto da fonte. Excelente forma de encerrar um dia mais do que especial.
30/04/2013 - 296° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado exclusivamente ao descanso.
01/05/2013 - 297° dia - Manaus (Folga)
Mais um dia para entrar na história.
Navegando de canoa em “alto-mar”.
No dia do trabalho, nada melhor do que uma folga merecida. (Risada Sacana). O passeio de hoje foi simplesmente inesquecível. Fizemos uma visita à Comunidade do Livramento. Trata-se de uma comunidade indígena localizada às margens do Rio Negro, ainda no município de Manaus.
O único meio de chegar à comunidade é navegando pelo Rio Negro, ou seja, tivemos (Alcione, Larissa, Daiany, Isaac, Fabiane e eu) que nos deslocar até à Ponta Negra e posteriormente à Marina do Davi para então pegarmos uma lancha que realizou o transporte até o destino desejado. A viagem teve duração aproximada de 30 minutos e custou 6 reais. O destaque no local de embarque ficou por conta da altura elevada do rio que surpreendeu as moradoras locais que estavam em minha companhia.

Amiga Alcione vendendo peixe na Marina do Davi. Sua desenvoltura na profissão rendeu muitas risadas.
Marina do Davi. Cheia no Rio Negro.
In foco.
A galera animada na lancha que nos levou até a Comunidade do Livramento.
Marina do Davi.
In foco.
A ponte do Rio Negro visualizada de outro ângulo.
Parada na "praia" da Lua.
In foco.
Comunidade ribeirinha. Área de diversão debaixo d'água.
In foco.
A realidade dos moradores ribeirinhos durante a cheia do rio.
Chegamos à comunidade pouco antes do meio-dia e nos direcionamos à casa da Dona Nair que já estava à nossa espera. A Fabiane havia realizado um trabalho social no local e por isso tinha o contato com a anfitriã que nos recebeu muitíssimo bem. Na sequencia comecei a registrar o lugar que estava atípico em razão da cheia do rio. O cenário voltou a surpreender até mesmo aqueles que já haviam visitado a região.

Dança da chuva? Sei lá. Povo doido, rs. Chegada  à  Comunidade do Livramento.
A cheia também atingiu a comunidade que visitamos.
In foco.
Uma imagem vale mais do que mil palavras.
In foco.
Maravilha de natureza. Se alguém souber o nome do pássaro, favor escrever nos comentários. 
As três mosqueteiras na casa da Dona Nair.
Mergulho das gurias no Rio Negro antes do almoço. A minha fome era maior do que a vontade de ir pra água, rs.
:)
Registro garantido com o meu amor às margens do Rio Negro.
Nada melhor do que estar com a pessoa amada.
"Meu riso é mais feliz contigo."
Um dos motivos para se visitar Livramento é que a comunidade reserva algumas áreas de banho para refrescar-se diante do calor amazônico. O local que o pessoal escolheu para mergulhar é chamado de “Escondidinho”. O nome indica a dificuldade para acessá-lo. Quando o rio está baixo é possível realizar o deslocamento a pé, no entanto, com a atual situação isso se tornou impossível, mas nada que uma canoa não resolva. Mal sabíamos a aventura que estava prestes a acontecer.
Antes de ir ao “Escondidinho” tivemos um almoço para a posteridade. A refeição contou com o famoso Tambaqui, assado e cozido (caldeirada). Estava simplesmente divino. Agradecimentos especiais aos chefs Alcione e Isaac que foram os responsáveis pelo preparo do pescado.

Preparando o Tambaqui.
A caldeirada quase pronta. Coisa boa.
Isaac controlando o fogo para assar o Tambaqui.
No Amazonas é assim. Tambaqui e Baré.(Guaraná)
Almoço caprichado demais da conta.
Após o almoço resolvemos encarar o desafio de remar até o local do mergulho. A canoa emprestada era grande e comportou toda a nossa turma. Mas como havia apenas três remos, algumas pessoas ficaram com a tarefa de apenas observar a bela paisagem enquanto os demais se esforçavam para manter a sincronia e, sobretudo, a direção das remadas. A Fabiane era a única que conhecia os “esquemas” de como conduzir uma canoa e por isso acabou sendo a comandante. Acontece que os demais marujos mal sabiam diferenciar esquerda e direita. Resultado: Diversão garantida, cantorias e muitas batidas nas árvores que estavam praticamente submersas em razão da cheia.

Começo da aventura ..
Batida na árvore em 3..2..1..
Canoeiro nato, rs.
O lugar realmente faz jus ao nome. Demoramos muito para chegar ao tal Escondidinho. Quando finalmente encontramos, surpresa: Estava totalmente debaixo d’água e irreconhecível, segundo, testemunho daqueles que já conheciam o excelente lugar para curtir as águas do Rio Negro. Já que não tinha mais “praia”, nos restou registrar a paisagem e começar a remada de volta para a comunidade.

Um novo brinde à ousadia. Chegada ao Escondidinho.
Isaac procurando a "praia"..
Meu amor cumpriu a palavra; me levou para navegar de canoa. Muchas gracias. 
Nosso retorno foi épico. Para regressarmos mais rápidos (um temporal se formava) resolvemos pegar um caminho diferente. Por isso remamos em direção ao lado de “fora” do igapó, ou seja, sentido “alto-mar” como disse a amiga Alcione. A estratégia era desviar das árvores que tinham no caminho utilizado anteriormente. Acontece que essa outra opção não nos ajudou muito e ficamos distantes das margens do Rio Negro. Seguíamos literalmente pela copa das árvores submersas. Em uma delas a canoa chegou a ficar encalhada e deixou um clima tenso no ar, ou melhor, na água.. Essa vida de canoeiro não é fácil. (Risada Sacana).

Tempo de chuva à vista.
Navegando em "alto-mar" sobre as copas das árvores. Essa imagem resume os momentos de tensão, rs.
Finalmente em direção à margem.
Logo depois que conseguimos tirar a canoa da árvore tivemos mais um momento apreensivo quando enfrentamos o banzeiro (onda) de uma embarcação motorizada que passou muito perto de onde estávamos. Por muito pouco a água não entra na canoa. Depois disso a missão foi achar um atalho para retornar ao caminho anterior já que em “mar-aberto” a sensação não era das melhores. Todos sabiam nadar, mas ninguém estava disposto a passar por esse sufoco em um rio daquela dimensão e com uma diversidade enorme de animais.
No final conseguimos encontrar uma passagem entre as árvores e retornar pelo caminho mais “tranquilo” e chegamos a tempo de ainda mergulhar em um “banho” na própria comunidade. Não foi o lugar planejado para mergulhar nas águas escuras do Rio Negro, mas ainda assim foi uma ótima recompensa pelo esforço realizado na canoa. Aliás, minha primeira experiência com esse meio de transporte não poderia ter sido melhor. Muito obrigado aos amigos presentes que proporcionaram momentos inesquecíveis.

Tínhamos que navegar entre as árvores.
Finalmente de volta para a comunidade.
Aqui até o cachorro já nasce nadando ..
O relaxante mergulho quase nos fez perder o horário da última lancha que regressava à Manaus (área urbana). Mas ainda tivemos tempo de nos despedir dos anfitriões e fazer um registro de todo o pessoal que ajudou a tornar esse dia memorável.

Registro com a Dona Nair.
Mais um registro para posteridade.
Transporte escolar nas comunidades ribeirinhas é assim.
Ponto de "ônibus", rs.
A volta para Manaus foi debaixo de chuva, mas ainda assim chegamos bem.
02/05/2013 - 298° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado para recuperar as energias investidas nas remadas do dia anterior. Costas e braços doloridos. Nada que um repouso não melhore a situação.

Depois de uma semana sem água, finalmente o abastecimento (noturno) da caixa d'água voltou a ser realizado. Havia passado da hora.
03/05/2013 - 299° dia - Manaus (Folga)
Novamente no magnifico Teatro Amazonas.
Como já havia mencionado na postagem anterior, retornaria ao Teatro Amazonas para conhecer a parte interna e realizar um registro externo durante a manhã em razão da claridade. Novamente a visita aconteceu na companhia da Fabiane e Daiany que não precisaram pagar a entrada por serem amazonenses. Eu desembolsei dez reais para a visita guiada. O guia não nos pareceu muito adequado para a função, mas ainda assim foi possível conhecer um pouco melhor  a magnifica construção do final do século XIX.

Largo de São Sebastião.
Teatro Amazonas
Teatro Amazonas.
Registro garantido em um dos teatros mais famosos do Brasil.
Como ainda não viajei à Europa, não sei como são os teatros naquelas bandas, mas pela grandiosidade e beleza do Teatro Amazonas, tudo leva a crer que não perde para nenhuma casa de espetáculo do exterior. Simplesmente é impressionante caminhar pela área reservada à platéia e os demais pavimentos que comportam pouco mais de 700 pessoas. Detalhes e histórias estão por todas as partes e merece um olhar mais atento para conhecê-los. Por ora eu apresento apenas a minha satisfação em ter conhecido mais essa preciosidade em território nacional.

Entrada 
Palco
In foco.
In foco.
Presença garantida.
In foco.
Salão Nobre.
Salão Nobre.
In foco.
O piso do teatro. Uma alusão ao encontro das águas? Talvez.
Maquete do Teatro Amazonas com Lego. Essa vai para o camarada Marco Brandão.
In foco.
In foco.
In foco.
Igreja São Sebastião visualizada do alto do Teatro Amazonas.

Largo São Sebastião
In foco.
Almoçamos na região central e depois continuamos nossas andanças turísticas. Entre os lugares visitados o destaque foi a Praça da Polícia que concentra uma importante construção histórica da cidade; Palacete Provincial. Em outros tempos o local abrigava o Quartel da Polícia Militar, mas atualmente suas salas são distribuídas em museus, como por exemplo: Pinacoteca do Estado, Museu da Numismática, Museu da Arqueologia e o Museu da Polícia Militar.

Monumento na frente do Palacete Provincial.
Monumento na frente do Palacete Provincial
Corredor do antigo Palacete Provincial
Essas pessoas sérias, rs.
Na minha opinião o mais interessante museu é o da Numismática Bernardo Ramos (estudo sobre moedas e medalhas de todos os tempos e países). “Criado em 30 de novembro de 1900, o Museu de Numismática foi reinstalado no prédio da Vila Ninita em novembro de 2000 e a partir de 2009 passou para sua nova sede no Palacete Provincial - local totalmente restaurado e revitalizado pela Secretaria de Cultura. O Acervo está exposto em duas salas com exposições permanentes acondicionadas em 74 vitrines, abrangendo as Idades Antiga, Média e Contemporânea, e é constituída por moedas, cédulas, medalhas e condecorações nacionais e internacionais.” 
A antiga coleção de Bernardo Ramos hoje é de propriedade do Governo do Amazonas e sem dúvida merece uma visita. O guia local aparentou ter uma boa capacitação para exercer a função e ajudou muito a esclarecer algumas dúvidas. Vale ressaltar que esse é o maior museu de Numismática do Brasil, ou seja, mais um motivo para não deixa de conhecê-lo. Recomendo. Observação: Não é possível tirar foto no local.
Na sequencia seguimos em direção ao terminal portuário - que ficava próximo - para conferir o horário e preço da passagem para Belém. A mesma estava 150 reais para saídas na quarta-feira e 200 reais na sexta-feira. A viagem tem duração de quatro dias, conforme informou a funcionária no guichê. Ainda estou analisando o melhor dia para seguir viagem. Agora a partida vai ser ainda mais difícil.

Terminal portuário.
Fim de tarde no terminal portuário.
Mais um ângulo diferente da Ponte do Rio Negro.
04/05/2013 - 300° dia - Manaus (Folga)
O que fazer no 300° de expedição? Agradecer a Deus pelo caminho iluminado que tem sido aberto durante todo esse período. Caminho que, entre tantas coisas, me trouxe um verdadeiro amor. A realização do maior de todos os sonhos; amar e ser amado.
Este agradecimento poderia ter ocorrido em qualquer lugar, mas aconteceu na igreja frequentada pela Fabiane. Um local simples e que me deixou em paz. Escutei exatamente o que tinha que ter escutado. Foi um momento muito importante na minha trajetória de vida. Quem me acompanha há muito tempo, antes mesmo de iniciar essa viagem, sabe que em algumas fases fui cético em relação a muitas coisas e por isso o simples fato de ir à igreja possa ter surpreendido certas pessoas. Não preciso justificar nada, apenas acredito que essa expedição tem sido um divisor de águas na minha vida e que eu estou disposto a ser uma pessoa melhor, também no campo espiritual.
05/05/2013 - 301° dia - Manaus (Folga)
Visita ao Jardim Botânico.
Hoje aproveitei a companhia da Fabiane para conhecer o Jardim Botânico de Manaus.

Abaixo as informações retiradas do site: http://www.jardimbotanicodemanaus.org/


Localizado na borda da Reserva Florestal Adolpho Ducke, na zona Leste de Manaus, seus mais de 3km de trilhas levam o visitante ao interior da mata primária onde é possível encontrar árvores como um angelim-pedra (Dinizia excelsa) de 40 metros e 400 anos de idade.


Borboletas e outros insetos, macacos e preguiças também podem ser vistos nas trilhas. Com sorte, há a chance de um encontro com animais selvagens raros, como o gavião-real (Harpia harpyja), que chega a medir dois metros de uma asa a outra e é considerada a mais poderosa ave de rapina do mundo.


Coleções de palmeiras, helicônias e aráceas, e um viveiro de orquídeas e bromélias formam o acervo de espécies trazidas do interior da Reserva e de diferentes regiões da Amazônia.


Biblioteca, anfiteatro, pavilhão e tenda para exposições e um viveiro com mudas para doação completam os atrativos. Programas de educação ambiental, jogos, oficinas de arte e sessões de contação de história e planetário são oferecidos aos grupos e escolas que agendam sua visita. Cientistas e jovens universitários também encontram no local apoio para realizar seus estudos.


Todas essas atividades contribuem para que o Jardim concretize sua missão de gerar, promover e divulgar conhecimentos sobre a flora amazônica, seus ecossistemas e suas interações com o meio ambiente, contribuindo para a construção da consciência ambiental.

Durante a nossa visita, visualizamos uma exposição temporária sobre anfíbios e peixes da Amazônia. A caminhada (guiada) nas trilhas também nos proporcionou conhecer muitas árvores especificas e interessantes da região. Surpreende o tamanho e forma de várias espécies. A sensação ímpar é realmente de andar no interior da maior floresta tropical do mundo. Infelizmente não tivemos a sorte de nos deparar com muitos animais. Confesso que gostaria de ver a Preguiça e flagrar os pássaros que anunciavam presença pelos seus magníficos cantos, mas fica para a próxima. Recomendo a visita. Entrada gratuita.

Começo da trilha no Jardim Botânico de Manaus.
Árvores gigantes.
In foco.
As curiosidades encontradas na floresta.
In foco.
In foco.
In foco.
Fica difícil de enquadrar na lente da câmera fotográfica.
Local da exposição de anfíbios e peixes.
Sapos encontrados na região.
Exposição de peixes encontrados nos rios da Amazônia.
O famoso Aruanã.
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Instrumentos indígenas para pescar.
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Assistindo um documentário sobre a pesca praticada pelos índios.
Jardim Botânico de Manaus.
06/05/2013 - 302° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado quase exclusivamente à atualização do site.
Destaque de hoje fica por conta da caminhada que começamos a fazer na Lagoa do Japiim onde existe uma pista exclusiva para este exercício que nos propusemos a realizar na pretensão de melhorar o condicionamento físico.
07/05/2013 - 303° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado quase exclusivamente à atualização do site.
08/05/2013 - 304° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado quase exclusivamente à atualização do site.
09/05/2013 - 305° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado quase exclusivamente à atualização do site.
10/05/2013 - 306° dia - Manaus (Folga)
Visita ao INPA.
O passeio de hoje foi ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
O INPA compreende uma extensa área verde que é protegida e destinada para a realização de estudos (fauna e flora) da região. A entrada custa cinco reais e talvez a maior atração do local seja a presença do Peixe-boi da Amazônia que pode ser visualizado nos tanques onde uma grande variedade de plantas aquáticas é frequentemente reposta para a sua alimentação.

Presença garantida no INPA.
Começo do passeio pelas trilhas..
In foco.
In foco.
Peixe-boi
Peixe-boi
Ilustração
Em razão de um processo de pesquisa em andamento, a água no tanque do peixe-boi estava suja e o registro aconteceu somente quando ele emergia para se alimentar. Ainda assim foi interessante ver esse animal que nasce e se reproduz apenas nas águas da maior floresta tropical do mundo.
Além da exuberante flora, o que também pode ser encontrado durante a caminhada pelas várias trilhas é a ariranha, jacarés, tartarugas, pássaros, e, principalmente, muitas cutias. Elas estão por todos os lados e parecem estar habituadas com a presença humana. Outro animal que não estranhou a nossa aproximação foi a arara-vermelha que nos proporcionou excelentes registros e, sobretudo, uma reflexão a respeito do estilo de vida dessa ave.

Ariranha
Jacaré
Jacaré-Pedra
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Tartarugas
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In foco.
Lago do Bosque da Ciência.
Tartaruga da Amazônia
In foco.
Cutia
Arara-vermelha
Ela diz: Chega mais perto, chega..
Clique na hora exata. Cara de surpresa da Fabiane.
Aproveito a oportunidade e deixo aqui a analogia muito bem lembrada pela Fabiane entre a natureza das araras e o nosso relacionamento:

"As araras são dóceis e fortes e uma característica bastante relevante da vida das araras é que elas são fiéis, monogâmicas toda a vida. Assim como os pinguins, as araras escolhem seus parceiros ainda na juventude e vivem com ele a vida inteira, isso significa cerca de 70 anos, média de vida da família. Na natureza, andam com um grupo maior, mas o casal fica sempre perto um do outro — voa, dorme e come junto. Desta forma, um pode proteger o outro e somente a morte é capaz de separá-los e mesmo com a morte do parceiro, ela ficará viúva(o) e não se unirá novamente"



In foco.
In foco.
Amor pra vida toda.
Amor pra vida toda.
Outra atração do INPA é a Casa da Ciência, espaço que exibe um cenário com animais, frutas (muitas já provadas)  e plantas da região. Destaque para a maior folha registrada na Amazônia.

Poltrona de garrafas plásticas na Casa da Ciência.
Diferente..
As mais diferentes piranhas.
In foco.
E agora, José?
Sobrevivente, rs.
Que tal? A maior folha registrada na Amazônia.
O resgate da história da borracha no Amazonas.
A amiga Daiany nos presenteou, mais uma vez, com a sua presença e ficou responsável pelos registros fotográficos do casal. Sou suspeito para falar do resultado dos cliques. Mas achei que ficou excelente

A árvore somente não é maior do que o nosso amor.
In foco.
Amor pra vida toda.
Amor pra vida toda.
E o Lago do Bosque ficou mais bonito com a nossa presença, rs.
Amor pra vida toda.
Amor pra vida toda.
Amor pra vida toda.
Finalizamos o dia, novamente, na casa da vó, com uma conversa agradável com a família e a degustação do açaí direto da fonte. Perfeito.
11/05/2013 - 307° dia - Manaus (Folga)
Aniversário.
Voltei a mais uma festa de aniversário. A Flaviane, amiga da Fabiane, estava completando mais um ano de vida e como desta vez nós tínhamos o convite, comparecemos para parabeniza-la. Felicidades Flaviane.
12/05/2013 - 308° dia - Manaus (Folga)
Dia das mães.
Neste dia especial eu não poderia deixar de ligar para a minha amada mãe para dizer que essa distância não é maior do que todo meu amor por ela.

Te amo, mãe. 
13/05/2013 - 309° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado exclusivamente à atualização do diário de bordo.
14/05/2013 - 310° dia - Manaus (Folga)
Último dia em Manaus.
Aproveitei o dia para ficar com a minha amada.
Durante a noite fomos caminhar na lagoa do Japiim na presença das amigas de todas as horas; Daiany e Alcione. Após o exercício paramos em uma pizzaria para recuperar as energias perdidas. Com essa turma reunida é claro que a despedida foi boa companhia e divertida. Sentirei saudades de vocês.
15/05/2013 - 311° dia - Manaus x Belém (Navio)
Chegou a hora de partir.
Após um mês e meio em Manaus, estava na hora de continuar a viagem. Claro que a vontade de permanecer com a minha amada é enorme, mas ela compreende que o projeto precisa ser finalizado. Em poucos meses nos reencontraremos no outro extremo do país. Agora sinto que tenho ainda mais forças para avançar, não somente na expedição, mas também nos próximos passos da minha vida. 
Acordei cedo para terminar de arrumar minha bagagem e coloca-la na Victoria. Por volta das 10 horas partimos em direção ao terminal portuário. A sogra e a Fabiane estavam de moto para me mostrar o caminho. Em 30 minutos de pedal estava no local desejado.
Eu ainda não tinha a passagem e ao invés de comprar no guichê do porto, adquiri a mesma de um vendedor de rua que tinha uma tenda ao lado da área de embarque. O preço começou em 180 reais, mas depois de muito argumentar que no guichê oficial custava 150 reais, fechamos por esse valor. Acontece que esse preço oficial era referente a uma promoção existente na semana passada. Pela surpresa do vendedor ao receber a notícia, ela (oferta) não continuava, mas ainda assim o desconto permaneceu.
A saída do navio (Amazon Star) estava marcada para às 13 horas, mas acho que por volta das 11h30m eu já estava embarcando, contudo, na entrada tive uma surpresa. A bicicleta teria que pagar 30 reais para ser transportada. Detalhe, o vendedor não me avisou nada sobre essa taxa. Resultado: tive que conversar com o gerente que não resolveu a minha situação e pediu para eu falar com o vendedor. Fui procura-lo enquanto a Fabiane cuidava da Victoria.
O vendedor tampouco resolveu a questão da taxa e mencionou que a ajuda já havia sido concedida no desconto da passagem. Avisei que não precisava ter omitido sobre o preço que teria que pagar pela bicicleta. Por isso recomendo a você que vier para a região; compre a passagem diretamente no guichê oficial e se informe sobre a bagagem e a possível taxa. Não sinta-se tentado a adquirir o bilhete com esses vendedores de rua.
Como eu estava sem muito dinheiro, tive que ir a uma agência do meu banco para sacar o suficiente para me alimentar nos quatro dias de viagem até Belém. Acontece que o caixa eletrônico resolveu dar problema e deixou de “soltar” dez reais da quantia total. Do jeito que peguei o dinheiro levei para o gerente e expliquei a situação. Ele teve que conferir a conta, extrato, número da máquina e acho que até nas câmeras de segurança para poder me dar o dinheiro restante. Perdi pelo menos meia hora em todo esse processo. Portanto, mais uma dica; nunca deixe de conferir o dinheiro retirado de um caixa eletrônico.
Eu não poderia perder mais tempo e voltei rapidamente ao navio. Era importante chegar cedo para pegar um local melhor para atar a rede. No interior do navio fui conversar com a mulher que tinha me cobrado os 30 reais e com mais um pouco de choro, consegui que ela embarcasse a Victoria por apenas 20 reais. Tirei toda a bagagem da Victoria para que ela pudesse ser colocada no compartimento de carga que fica na parte de baixo do navio.
Peguei minhas bagagens com a ajuda da Fabiane e subimos para o segundo piso, destinado para as redes. O local já estava praticamente lotado, mas ainda assim conseguimos um espaço. Rapidamente atamos a rede e mal tivemos tempos de nos despedir porque o navio ligou o motor e minutos depois já estava de partida.

Terminal portuário registrado do interior do Amazon Star.
Na sequencia fui à janela para ver meu amor mais uma vez. Eu poderia escrever muitas coisas sobre todos esses dias e também os próximos que ficaremos juntos, contudo, quero apenas dizer o mais importante: Amo você, meu amor.
No navio fiquei observando aquele emaranhado de rede. Apesar do cenário parecer bagunçado, é tudo muito simples; você chega, procura um lugar vago para atar a rede e coloca sua bagagem debaixo e pronto. Vale ressaltar que não existem ganchos para colocar a rede. É preciso levar dois pedaços de corda para amarrar nas barras de ferro que são afixadas no teto da embarcação.

Cenário comum nas embarcações da região. 
Desde que voltei ao Brasil eu tenho escutado os mais diversos comentários e conselhos sobre essa viagem Manaus x Belém. Acho que o principal alerta foi em relação à segurança das bagagens. Por isso tenho colocado todas as coisas de valor na minha bolsa de guidão e levo sempre comigo. Pensei que ficarei “preso” à rede, mas com essa estratégia foi possível caminhar tranquilamente pelos vários compartimentos do navio.

In foco.
Região portuária de Manaus
Região portuária de Manaus
Região portuária de Manaus
Região portuária de Manaus
Região portuária de Manaus
Região portuária de Manaus
Mais um ângulo diferente da Ponte do Rio Negro.
O Amazon Star tem o primeiro piso destinado às cargas e; o segundo para as redes, banheiros, bebedouro e refeitório. Vale dizer que o banheiro é melhor do que eu imaginava. São vários chuveiros e sanitários com a devida privacidade. Uma dúvida que eu tinha era sobre a necessidade ou não de racionar água, mas pelo jeito esse problema não existe. O bebedouro disponibiliza água potável gelada o tempo todo, ou seja, não é preciso se preocupar com isso. O refeitório tem horários específicos para funcionamento. É servido café da manhã, almoço e janta. Valores variam de 5 a 13 reais, conforme a refeição. Um marmitex custa 8 reais e service-self 13 reais.

A bandeira paraense estampada no navio Amazon Star.
Capacidade de passageiros.
Horários e preços das refeições.
No terceiro piso estão os camarotes (700 reais para o trecho Manaus x Belém. O quarto conta com duas camas), cabine do comandante, bar e o convés. Acho que essa é a área mais agradável para observar a paisagem. Foi dessa parte que visualizei o famoso e curioso encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Por alguns quilômetros as águas simplesmente não se misturam. O fenômeno pode ser notado através da diferença na cor da água de cada rio. Registro garantido.

Encontro das águas no horizonte.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
Convés superior e os camarotes.
In foco.
In foco.
Encontro das águas: Rio Negro e Solimões.
A Victoria acabou ficando na frente do navio.
Casas dos ribeirinhos. Algumas estão debaixo d'água. Realidade  da região.
Gado bovino perdido em plena Amazônia.
Navio da Marinha.
In foco.
In foco.
No final da tarde o pôr-do-sol em pleno Rio Amazonas deixou a paisagem ainda mais bonita. Fiquei sentado no convés principal acompanhando toda essa natureza maravilhosa; sol, água e floresta.

Momento mágico. Pôr-do-sol em pleno Rio Amazonas.
Pôr-do-sol.
Por volta das 19 horas voltei para a rede na pretensão de descansar, mas foi difícil encontrar uma posição confortável. A presença de outras redes deixou o espaço ainda mais limitado, impedindo uma movimentação maior.  Três horas depois eu ainda continuava acordado, contudo, o silêncio imperava e se não fosse a luz acesa eu tinha conseguido dormir com mais facilidade. Ainda assim o primeiro dia em “alto-mar” terminava sem maiores problemas.

Dia finalizado com 8,02 km em 0h32m e velocidade média de 14,64 km/h.
16/05/2013 - 312° dia - Manaus x Belém (Navio)
Em território paraense.
Cheguei ao quinto estado brasileiro nesta expedição.
A noite realmente não foi das melhores. Devo ter dormido no máximo 3 horas por não achar uma posição confortável. Não tem sido fácil me acostumar a dormir na rede. Paciência.
Às cinco horas da madruga um senhor passou tocando um sino avisando que o café da manhã estava na mesa. O alerta é por que a refeição gratuita fica à disposição apenas por uma hora, ou seja, não hesitei em acordar, levantar e me dirigir ao local. No refeitório eu poderia pegar café, leite e um pão de hambúrguer com margarina. Simples, mas é melhor do que nada, ainda mais que não é preciso desembolsar um centavo por isso.
Ainda na parte da manhã fui ao convés com o computador para poder atualizar o diário de bordo. Acho que agora as postagens voltam ao normal. (Risada Sacana). Também descobri uma tomada onde é possível carregar a bateria dos eletrônicos. 
Às 7h15m ancoramos no porto da conhecida cidade do boi; Parintins. No local, vendedores entraram no navio para vender as mais variadas mercadorias, sobretudo, comida. Eu fiquei em dúvida se comprava uma ou duas marmitas já que o valor era mais baixo, mas ainda era muito cedo e acabei sem levar nenhuma. Não demorou nem 15 minutos e o navio zarpou em direção ao Pará. Quase meio-dia chegamos à Juriti, primeira cidade paraense após a divisa com o Amazonas. No porto entraram mais alguns passageiros e vendedores. No cais algumas mulheres ofereciam marmita a cinco reais. Comprei duas e me arrependi pela pouquíssima comida. Certamente as próximas refeições serão adquiridas na embarcação.

Chegada à Parintins.
Parintins
Terminal portuário de Parintins.
Cena mais do que comum durante o trajeto no Rio Amazonas.
In foco.
Chegada à Juruti. Primeira cidade no Estado do Pará.
Porto de Juruti.
In foco.
A entrega das marmitas. Não recomendo.
Não demorou muito e ancoramos em Óbidos, mais uma cidade às margens do Rio Amazonas. A surpresa ficou por conta de uma fiscalização da Força Nacional onde os policiais entraram no navio e começaram uma revista aleatória – meu alforje dianteiro foi verificado – nas bagagens em busca de produtos ilegais. Um cão farejador auxiliou a busca por entorpecentes que não foram encontrados.

Chegada à Óbidos.
Óbidos
Óbidos
A presença da polícia neste tipo de situação geralmente deixa as pessoas um pouco tensas e isso era facilmente notável nos semblantes dos passageiros. Como eu não tinha o que temer, encarei a abordagem com tranquilidade e fiquei apenas observando a movimentação. Por ordem policial, todas as redes são levantadas para facilitar a checagem das bagagens. Algumas pessoas precisaram mostrar a nota fiscal de determinados produtos levados naquela área da embarcação.
A Polícia Federal completava o quadro dos policiais envolvidos na operação. A fiscalização destes é também destinada aos estrangeiros presentes no navio, inclusive, perguntaram se eu era um deles. Está difícil parecer brasileiro por essa região. Um francês ao ser questionado sobre sua nacionalidade teve apenas que apresentar o passaporte e com as questões burocráticas em ordem, foi liberado.
Assim que a operação policial terminou, a moça que estava na rede ao lado me dirige a palavra pela primeira vez e surpresa me pergunta: Você é mesmo brasileiro? Respondo: Sim! E então ela, sem graça, diz: Nem parece. Eu sinceramente não sei definir o que é parecer brasileiro. Todavia,  no sudeste e sul do país existe uma heterogeneidade de pessoas muito maior do que nesta região do país, então acho que algumas pessoas ao ver um individuo um pouco diferente já pensam que é estrangeiro. Acredito que isso explica o porquê de vários questionamentos neste sentido desde que retornei ao Brasil.
Após a parada em Óbidos a embarcação seguiu em direção à Santarém, segundo município mais importante do Pará. A viagem continuou tranquila e precisei apenas curtir a natureza na parte superior do navio.

Viver isoladamente. Você está fazendo isso corretamente.
In foco.
Chegamos à Santarém por volta das 21 horas e o comentário entre os passageiros é que o navio partiria somente às 12 horas do dia seguinte. O motivo é que durante a manhã seria realizada a transferência novas cargas para o interior da embarcação. O interessante de ancorar na cidade foi que o local era o destino final de muitas pessoas e como o embarque de passageiros aconteceria somente no próximo dia, o espaço entre as redes ficou maior e finalmente eu consegui ficar menos desconfortável na hora de dormir.

Aqui a situação ainda não estava crítica, rs.
17/05/2013 - 313° dia - Manaus x Belém (Navio)
A noite foi curta, porém tranquila.
Ontem eu fui deitar por volta das 22 horas e não demorou muito tempo para o navio ser tomado pelo silêncio. Muita gente fez o mesmo que eu e aproveitou a calmaria para dormir um pouco melhor. O sono foi despertado apenas por volta das 4h30 quando o pessoal começou a se movimentar. Pouco depois o sino foi tocado anunciando que o café da manhã estava disponível. Fui matar a fome.
Com o navio ancorado eu fui andar pela embarcação e acabei no cais, onde aproveitei a presença de alguns passageiros para fazer um registro do navio que realiza a nossa viagem. Durante a conversa com o pessoal, acabei por fazer amizade com os paulistas; Marco e Carlos e também o francês Cris que está há mais de dois meses em território brasileiro e, inclusive, já passou por Foz do Iguaçu e visitou as Cataratas do Iguaçu.

Terminal portuário de Santarém. Navio Amazon Star ao fundo.
Navio responsável pelo deslocamento Manaus x Belém.
Carregamento de bananas para o navio.
Os paulistas me notificaram que durante a madrugada houve roubos entre os passageiros; celulares, dinheiro e até uma televisão foram levados. A notícia serviu apenas para eu cuidar ainda mais das minhas coisas e reforçar aos “vizinhos” para olharem a minha bagagem enquanto eu estivesse ausente. Apesar disto, vale ressaltar que em nenhum momento eu senti algum tipo de insegurança. Acho que esse tipo de roubo acontece pelos oportunistas de plantão que acabam por se aproveitar da distração de certas pessoas.
Já que o navio partiria apenas ao meio-dia, aproveitei para conversar bastante com a galera. Acho que o pessoal começou a se dar conta que eu era brasileiro e assim foi possível dialogar melhor com os demais viajantes.
De volta ao navio, mais especificadamente no convés da embarcação, aproveitei para registrar alguns pássaros típicos da região. Infelizmente não consegui flagrar os vários botos tucuxis que se exibiam nas proximidades. Eles são rápidos e imprevisíveis. Fica difícil acertar o local em que eles vão aparecer. Por isso fico devendo o clique.

Porto de Santarém.
Detalhe para as redes atadas na embarcação ao fundo.
Pássaro sem a parte de cima do bico. Alguém sabe me dizer se todos dessa espécie são assim?
In foco.
Canário.
Navio Amazon Star carregado de castanhas e piaçava (foto).
O almoço do navio começou a ser servido às 11 horas da manhã. Gostaria de ter comprado o buffet, mas hoje somente o marmitex estava à disposição, mas ainda assim não precisei desembolsar um centavo para me alimentar. O paulista Marco curtiu o projeto da expedição pela América Latina e acabou por me presentear com o almoço que estava muito melhor que as duas marmitas compradas ontem em Juruti. Sem dúvida vale a pena investir na refeição do próprio navio.
A embarcação ficou cada vez mais cheia conforme se aproximava o horário da partida. Com a entrada de novos passageiros, o espaço entre as redes que já era limitado, ficou em uma situação ainda mais critica. Colocaram pelo menos mais três redes ao meu redor e eu já imaginava que aquilo tornaria o meu sono quase impossível no final do dia. Mas achei melhor nem pensar sobre isso àquela altura do campeonato. Fui para o convés e liguei para a minha amada enquanto o navio deixava a enorme Santarém para trás. Tenho aproveitado o sinal (telefone) existente nas cidades para mandar notícias.

Saída de Santarém.
Santarém
Isso é lugar para se construir um conjunto habitacional? Sem comentários.
No período da tarde ainda houve paradas em Monte Alegre e Prainha para o embarque/desembarque de passageiros e cargas. O mesmo aconteceu em Almeirim, cidade onde a cantora Joelma da banda Calypso nasceu. Na verdade isso não tem muita relevância. (Risada Sacana). Mas é que se você fizer essa viagem, certamente vai ouvir os passageiros comentando sobre tal fato. Prepare-se.

Monte Alegre.
Região portuária de Monte Alegre.
No final do dia fui encarar o sufoco de “tentar” dormir no meio daquele emaranhado de rede. Muita calma nessa hora.
18/05/2013 - 314° dia - Manaus x Belém (Navio)
“Olha o queijo. Olha o queijo. É só cinco reais.”
A frase acima poderia passar facilmente despercebida se proferida em uma feira ou estabelecimento alimentício, mas jamais em um navio à 1 hora da madrugada quando a maioria dos passageiros está dormindo ou cochilando, como era meu caso. Isso porque foi realmente impossível dormir em razão da total falta de desconforto na rede. Era difícil realizar qualquer movimento sem bater na pessoa ao lado. Para, além disto, apareceu um monte de vendedores de queijo na parada realizada em alguma cidade que eu não recordo o nome. Uma coisa é certa, você tem que ter muita, mas muita paciência para fazer uma viagem de navio entre Manaus x Belém, caso contrário o estresse é garantido.
Mas a surpresa do dia não se restringiu aos queijeiros da madrugada. Nosso dia foi marcado pela aproximação dos moradores ribeirinhos. Em suas pequenas canoas, eles, ao notarem a presença do navio, se deslocam em direção ao mesmo. A atitude tem motivo; doações de alimentos, calçados e roupas que são lançados pelos passageiros e tripulantes. A ação surpreendeu quem não conhecia o procedimento que parece ser comum durante as viagens.

Em busca de doações.
In foco.
Observe o banzeiro formado pelo navio.
O que também chama atenção é que as canoas, na maioria das vezes, é conduzida por mulheres e crianças com idade aproximada entre 5 a 10 anos e que não raramente estão sozinhas em um rio daquelas dimensões. Claro que a cena é chocante para quem não está acostumado, mas certamente eles sabem se movimentar naquele ambiente muito melhor que um adulto da cidade. Afinal eles nasceram com toda aquela natureza ao redor e nada mais normal do que estarem habituados com a imensidão de água que nos parece ainda mais perigosa com o banzeiro do navio. Algo que nem de longe parece assustar eles.

Para mim é simplesmente um registro histórico.
Uma imagem vale mais do que mil palavras.
Crianças são a maioria nas canoas. Acho que a estratégia é comover os passageiros dos navios.
In foco.
Pegando a doação.
Passamos por alguns canais onde o rio ficou estreito e o aparecimento de casas às margens do rio mais frequente. Os moradores continuaram a se aproximar do navio na intenção de receber doações, contudo, o que também me surpreendeu foi ver a audácia de vendedores que ao estilo de piratas se aproximam do navio com as suas canoas (sem motor) e com uma agilidade incrível conseguem amarrar uma embarcação à outra sem maiores dificuldades e entram para oferecer seus produtos; camarão, palmito, frutas e entre outros.

Ribeirinhos.
Ribeirinhos
Ribeirinhos.
Ribeirinhos.
In foco.
Vendedores "piratas".
É preciso muita agilidade para fazer isso.
É preciso muita coragem para entrar na frente de um navio com uma simples canoa sem motor.
Três canoas de uma vez..
Sinta a situação..
Um dos vários canais que é navegável por causa da cheia.
Balsa: Transporte mais do que comum na região.
Mais um registro histórico. Vendedores e suas canoa se preparando para aportar em outro navio.
Ribeirinhos.
Deve ter no máximo cinco anos. Que tal?
Na Amazônia é assim.
In foco.
Toda a agilidade dos vendedores fez com que alguns passageiros lembrassem tempos passados onde “piratas” entravam nos navios da mesma forma, contudo, não para vender produtos e sim para roubar as malas das pessoas no período na noite, quando elas estavam dormindo. Acho que isso já é mais difícil de acontecer atualmente. Então não se assuste ao ver uma canoa junto ao navio, provavelmente é apenas mais um vendedor querendo ganhar a vida.
No final na tarde começamos a navegar ao lado da famosa Ilha de Marajó. A dimensão do rio ficou muito maior e os comentários é que naquele ponto a água já era salgada, afinal, estávamos na parte calma da Baía de Marajó. Muitas pessoas tinham me avisado sobre os perigos desta baía que já foi o local de muitos naufrágios em razão das fortes ondulações no rio. Situação que começou a ocorrer somente de noite. Tensão total!

Parte tranquila da Baía de Marajó.
Imensidão de água.
... Sinal ...
Era a quarta noite no navio e sem dúvidas foi a pior de todas. A confusão das redes ficou ainda mais acentuada durante a passagem pela parte agitada da Baía de Marajó. O navio balançou praticamente a madrugada toda e acho que nenhuma rede conseguiu ficar imune aos efeitos do “mar” e o balanço era geral e a consequência inevitável; uma rede batendo na outra. Se antes era possível apenas cochilar, nem isso foi permitido no final do dia. Misericórdia.
19/05/2013 - 315° dia - Manaus x Belém (Navio)
Finalmente na capital paraense.
A madrugada se resumiu a uma coisa; evitar o balanço da rede para evitar o choque com os demais vizinhos, muito embora, a missão tenha sido praticamente em vão já que os outros passageiros não tinham a mesma consciência. Sem conseguir nem ao menos cochilar, fiquei na torcida para que o tempo passasse o mais rápido possível para sair daquela situação desagradável.
O navio foi parar de balançar mais forte somente por volta das 4 horas da manhã. Aproveitei a calmaria para levantar e começar a arrumar minhas coisas e desatar a rede, afinal, Belém estava, finalmente, próxima.
Às 5h30m o navio ancorou na capital paraense e o desembarque ocorreu normalmente. Me despedi do pessoal e fui em direção à saída do terminal portuário onde havia combinado de encontrar com o Lauro Haber, uma lenda viva do cicloturismo nacional. Tinha mencionado que o navio chegaria às 7 horas, portanto, tive que esperar, mas como o camarada chegou um pouco antes, às 6h30m começávamos a pedalar pela cidade.
Lauro é um cicloturista experiente, já pedalou por todo o Brasil e certamente foi recebido muito bem por outros ciclistas. Assim, não hesitou de retribuir a hospitalidade e aceitou o pedido de ajuda durante a minha estadia na cidade. Lauro se prontificou a me encontrar no porto para me acompanhar até a casa do anfitrião Santos que estava ciente da minha chegada à Belém.
O camarada Lauro aproveitou a tranquilidade das ruas na manhã de domingo para me apresentar alguns lugares interessantes da cidade. E, sinceramente, Belém me surpreendeu com suas praças, ruas, avenidas, construções históricas, museus, feiras e mercados. Passei rapidamente na frente do mais famoso deles; Ver-o-peso. Como estava com a bicicleta carregada não entrei, mas voltarei nos próximos dias para conferir e registrar melhor todos esses pontos.

Estação das docas
Baía do Guajará
Terminal portuário
Mercado Ver-o-Peso
Solar do Ver-o-Peso.
Cidade Velha. Mercado do Açaí.
Praça do Relógio.
Praça da República. Teatro da Paz ao fundo.
Registro garantido.
Após esse cicloturismo urbano nos direcionamos à casa do Lauro onde tomei um café da manhã e conversei bastante sobre o roteiro a seguir. Ele e a esposa fizeram recentemente Belém x Rio e passaram por boa parte do trajeto que eu pretendo fazer.
No período da tarde saímos para encontrar o endereço em que estava localizada a residência do Santos e com menos de dez quilômetros pedalados já havíamos encontrado. O anfitrião nos aguardava e a recepção foi mais uma vez excelente. Aqui eu devo permanecer até quinta-feira e depois eu sigo em direção a São Luís no Maranhão.

Dia finalizado com 21,62 km e velocidade média de 10,99 km/h.
20/05/2013 - 316° dia - Belém (Folga)
Dia dedicado exclusivamente à atualização do diário de bordo.
No período da noite fui pedalar com um grupo de amigos do anfitrião Santos. O pedal alternou momentos com ritmo forte e tranquilo. Valeu para conhecer um pouco mais a cidade de Belém.
21/05/2013 - 317° dia - Belém (Folga)
Dia dedicado exclusivamente à atualização do site.
Amanhã devo retornar ao centro para conferir e registrar os principais pontos turísticos da capital paraense. Aproveitarei para comprar mantimentos e fazer uma programação melhor para seguir até São Luís no Maranhão onde espero chegar em no máximo sete dias. Espero fazer a próxima postagem quando chegar nessa primeira capital nordestina da minha expedição.
No mais, fica registrado, mais uma vez, meu sincero agradecimento a todos que continuam acreditando no projeto e não hesitam em me apoiar. Meu muito obrigado.
Abraços.
"Hasta Victoria Siempre"