Dia dedicado
exclusivamente ao descanso.
Com o diário de
bordo devidamente atualizado, aproveitei o dia para realmente descansar, física
e psicologicamente.
A minha
anfitriã está na árdua tarefa de finalizar o seu Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) e, consequentemente, sem tempo disponível para realizar qualquer passeio pela região.
Tudo indica que até o final do mês ela consiga superar essa fase e na sequencia possa me fazer companhia para conhecer um pouco melhor a
Amazônia.
25/04/2013 - 291°
dia - Manaus (Folga)
Aproveitei o
dia para deixar a minha bagagem organizada.
Ainda devo
permanecer mais um período na cidade, no entanto, para não deixar tudo para arrumar na
última hora, achei válido separar aquilo que deveria ser lavado e o que não
precisa mais me acompanhar em território nacional, como por exemplo, livros e
vestimentas para frio intenso. A Fabiane vai me ajudar a encontrar uma forma de
enviar essas coisas para o Sul. Assim será possível continuar a parte final da
viagem com um pouco menos de peso.
26/04/2013 - 292°
dia - Manaus (Folga)
Mais um dia
tranquilo.
O destaque de
hoje fica por conta de uma triste realidade do cotidiano de muitos amazonenses;
a falta de água. Sim, pode acreditar, esse problema acontece na capital que tem
no “quintal” de casa, o maior rio do mundo. É simplesmente uma vergonha para o
poder público, em todas as esferas, deixar a situação chegar a esse ponto.
A escassez de água
é uma questão antiga na cidade e atualmente muitas casas não recebem água com
regularidade. O que tem acontecido na região onde está localizada a residência
da minha anfitriã é que a caixa d’água é abastecida somente no período da
noite. Isso quando recebe água, algo que não ocorre momentaneamente. As
autoridades responsáveis justificaram que esse último problema é em razão da ruptura de
uma tubulação, contudo, não especificaram uma data para a “normalização” do
sistema.
A falta de água
tornou uma cena comum pelas ruas do bairro; inúmeros moradores se deslocando ao
posto de combustível para encher baldes e galões com a água de um poço
artesiano. Não é de se estranhar que dependendo do horário se forme fila no
local, afinal, o mesmo se torna uma das poucas alternativas para quem vive nas
redondezas. Claro que não fiquei imune a essa realidade e também entrei na
espera para, ao menos, reabastecer as garrafas com o liquido indispensável.
Espero que o problema seja resolvido o mais rápido possível.
27/04/2013 - 293°
dia - Manaus (Folga)
O
reabastecimento de água não voltou ao normal e por isso tornei a buscar um
lugar onde a mesma estivesse disponível. Dessa vez o deslocamento foi menor e
precisei apenas atravessar a rua para utilizar o poço artesiano de uma
indústria. O porteiro que nos concedeu permissão acabou por dizer que me viu na
televisão. Ele tinha acompanhado a entrevista no Globo Esporte que foi exibida
no início da semana.
Em um primeiro
momento desconfiei se o porteiro fazia mesmo referência à minha pessoa, afinal, ele
apenas questionou se era eu que andava de bicicleta pelo mundo. Mas no decorrer
da conversa ele mencionou a panela (mostrada na reportagem) que utilizo para
fazer as refeições e então não tive mais dúvidas que realmente ele tinha
acompanhado a matéria e, sobretudo, ainda lembrava do assunto abordado.
A matéria no
Globo Esporte foi curta, contudo, suficiente para não ser facilmente esquecida.
Em um mundo globalizado e conectado a vários meios de comunicação, onde
milhares de notícias chegam a todo momento, fiquei muito feliz em saber que a
entrevista não foi em vão e permaneceu, por exemplo, na lembrança daquele senhor. Talvez aquele porteiro nunca pegue uma bicicleta
para pedalar, mas foi mostrado a ele que existe uma opção diferente, mas real,
para se locomover e, principalmente, de viver.
Em uma
sociedade desacreditada, esperança pode ser a chave para começar a
transformação para um mundo melhor. Acredito que tenho feito a minha parte,
embora muito mais ainda possa ser realizado.
28/04/2013 - 294°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
quase exclusivamente ao descanso, digo quase, porque aproveitei a chuva de
ontem à noite para armazenar água e lavar a roupa que já estava praticamente
toda suja. Como a quantidade de vestimentas na bagagem é limitada, rapidamente
fico sem muita opção para vestir e por isso tenho que lavar com certa
frequência. Faz parte.
29/04/2013 - 295°
dia - Manaus (Folga)
O primeiro dia
do resto das nossas vidas.
Retorno à UFAM
para um dia mais do que especial.
Hoje foi a
defesa do Trabalho de Conclusão de Curso da Fabiane. Durante praticamente um
mês acompanhei essa fase final para a entrega e apresentação do último trabalho
para ela finalmente receber o diploma de bacharel em Serviço Social.
Na universidade
a defesa foi um sucesso e a aprovação garantida. Sem dúvida um momento para a
posteridade. O encerramento de um ciclo e o começo de um novo no qual eu também
desejo estar presente. O motivo? Eu simplesmente encontrei a pessoa com quem compartilharei
a minha vida e o meu amor. Surpresos? Eu também!
Defesa do Trabalho de Conclusão de Curso da Fabiane. |
Um registro para posteridade; Daiany, Clau, Fabiane, eu e Alcione. |
A vida é
realmente repleta de surpresas. Até pouco tempo atrás eu tinha plena convicção
de que não me envolveria em um relacionamento tão cedo, ainda mais durante a
expedição. Estava com inúmeros planos para o futuro. Muitas pessoas com quem
conversei durante esses meses podem facilmente confirmar esse meu pensamento.
Mas é como disse Luís Fernando Verissimo: Quando
a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
Por muitos motivos, conhecer a
Fabiane foi, sem dúvida, um dos melhores acontecimentos da minha vida. Quando
cheguei à sua casa, apenas enquanto um hóspede, não tinha idéia do que estava
por acontecer, afinal, como mencionei, não havia pretensão de me envolver com
alguém a essa altura da viagem. Mas foi simplesmente impossível ficar
indiferente ao sentimento que naturalmente tornou-se cada dia mais forte.
A nossa
história está apenas no começo, mas renderia um livro em razão do modo especial
como as coisas vêm acontecendo. Não acreditamos que nosso encontro tenha sido
obra do acaso. Hoje, por exemplo, consigo visualizar que a mudança no
itinerário (antes passaria pelas Guianas e Suriname) tinha que acontecer.
Muitas vezes temos nossos próprios planos, mas existe um plano Superior que é
muito maior e melhor e que mais cedo ou mais tarde, passa a fazer todo sentido.
Estou extremamente
feliz, apaixonado e com inúmeros planos novos para o futuro. A expedição vai
continuar, contudo, passarei mais alguns dias com a minha amada antes de seguir
viagem para Belém. Tenho que aproveitar cada segundo ao seu lado porque nosso próximo
encontro está marcado somente para daqui alguns meses, no meu retorno ao
Paraná.
De volta à
UFAM. Após a defesa nós continuamos na universidade para almoçar e assistir
outras apresentações de TCC. No final do dia terminamos na festa surpresa
(aniversário) para a reitora. Apenas a amiga Alcione estava oficialmente convidada, mas ainda
assim, conseguimos, meio de penetra, entrar no "salão nobre". No final das contas, havíamos, cada um à sua
maneira, colaborado com a recente campanha que possibilitou mais um mandato à reitora, ou seja, a festa não poderia acontecer sem a nossa ilustre presença (Risada Sacana). O banquete estava caprichado e digno para comemorarmos em
grande estilo a aprovação da Fabiane.
Almoço reforçado na UFAM. |
Um brinde à ousadia de ser feliz. |
Registro com a reitora (camisa vermelha) da UFAM. Coisa que o cicloturismo e amigos proporcionam. Risada Sacana. |
As responsáveis pelo momento inesquecível. |
Pôr-do-sol maravilhoso. |
No final da
noite, antes de retornarmos para casa, ainda passamos na residência da avó da
Fabiane para, além de poder conhecê-la, provar um delicioso açaí direto da
fonte. Excelente forma de encerrar um dia mais do que especial.
30/04/2013 - 296°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
exclusivamente ao descanso.
01/05/2013 - 297°
dia - Manaus (Folga)
Mais um dia
para entrar na história.
Navegando de
canoa em “alto-mar”.
No dia do
trabalho, nada melhor do que uma folga merecida. (Risada Sacana). O passeio de
hoje foi simplesmente inesquecível. Fizemos uma visita à Comunidade do
Livramento. Trata-se de uma comunidade indígena localizada às margens do Rio
Negro, ainda no município de Manaus.
O único meio de
chegar à comunidade é navegando pelo Rio Negro, ou seja, tivemos (Alcione,
Larissa, Daiany, Isaac, Fabiane e eu) que nos deslocar até à Ponta Negra e
posteriormente à Marina do Davi para então pegarmos uma lancha que realizou o
transporte até o destino desejado. A viagem teve duração aproximada de 30
minutos e custou 6 reais. O destaque no local de embarque ficou por conta da
altura elevada do rio que surpreendeu as moradoras locais que estavam em minha
companhia.
Amiga Alcione vendendo peixe na Marina do Davi. Sua desenvoltura na profissão rendeu muitas risadas. |
Marina do Davi. Cheia no Rio Negro. |
In foco. |
A galera animada na lancha que nos levou até a Comunidade do Livramento. |
Marina do Davi. |
In foco. |
A ponte do Rio Negro visualizada de outro ângulo. |
Parada na "praia" da Lua. |
In foco. |
Comunidade ribeirinha. Área de diversão debaixo d'água. |
In foco. |
A realidade dos moradores ribeirinhos durante a cheia do rio. |
Chegamos à
comunidade pouco antes do meio-dia e nos direcionamos à casa da Dona Nair que já
estava à nossa espera. A Fabiane havia realizado um trabalho social no local e
por isso tinha o contato com a anfitriã que nos recebeu muitíssimo bem. Na
sequencia comecei a registrar o lugar que estava atípico em razão da cheia do
rio. O cenário voltou a surpreender até mesmo aqueles que já haviam visitado a
região.
Dança da chuva? Sei lá. Povo doido, rs. Chegada à Comunidade do Livramento. |
A cheia também atingiu a comunidade que visitamos. |
In foco. |
Uma imagem vale mais do que mil palavras. |
In foco. |
Maravilha de natureza. Se alguém souber o nome do pássaro, favor escrever nos comentários. |
As três mosqueteiras na casa da Dona Nair. |
Mergulho das gurias no Rio Negro antes do almoço. A minha fome era maior do que a vontade de ir pra água, rs. |
:) |
Registro garantido com o meu amor às margens do Rio Negro. |
Nada melhor do que estar com a pessoa amada. |
"Meu riso é mais feliz contigo." |
Um dos motivos
para se visitar Livramento é que a comunidade reserva algumas áreas de banho
para refrescar-se diante do calor amazônico. O local que o pessoal escolheu
para mergulhar é chamado de “Escondidinho”. O nome indica a dificuldade para
acessá-lo. Quando o rio está baixo é possível realizar o deslocamento a pé, no
entanto, com a atual situação isso se tornou impossível, mas nada que uma canoa
não resolva. Mal sabíamos a aventura que estava prestes a acontecer.
Antes de ir ao
“Escondidinho” tivemos um almoço para a posteridade. A refeição contou com o
famoso Tambaqui, assado e cozido (caldeirada). Estava simplesmente divino.
Agradecimentos especiais aos chefs Alcione e Isaac que foram os responsáveis
pelo preparo do pescado.
Preparando o Tambaqui. |
A caldeirada quase pronta. Coisa boa. |
Isaac controlando o fogo para assar o Tambaqui. |
No Amazonas é assim. Tambaqui e Baré.(Guaraná) |
Almoço caprichado demais da conta. |
Após o almoço
resolvemos encarar o desafio de remar até o local do mergulho. A canoa
emprestada era grande e comportou toda a nossa turma. Mas como havia apenas
três remos, algumas pessoas ficaram com a tarefa de apenas observar a bela
paisagem enquanto os demais se esforçavam para manter a sincronia e, sobretudo,
a direção das remadas. A Fabiane era a única que conhecia os “esquemas” de como
conduzir uma canoa e por isso acabou sendo a comandante. Acontece que os demais
marujos mal sabiam diferenciar esquerda e direita. Resultado: Diversão
garantida, cantorias e muitas batidas nas árvores que estavam praticamente submersas em
razão da cheia.
Começo da aventura .. |
Batida na árvore em 3..2..1.. |
Canoeiro nato, rs. |
O lugar realmente
faz jus ao nome. Demoramos muito para chegar ao tal Escondidinho. Quando
finalmente encontramos, surpresa: Estava totalmente debaixo d’água e
irreconhecível, segundo, testemunho daqueles que já conheciam o excelente lugar
para curtir as águas do Rio Negro. Já que não tinha mais “praia”, nos restou
registrar a paisagem e começar a remada de volta para a comunidade.
Um novo brinde à ousadia. Chegada ao Escondidinho. |
Isaac procurando a "praia".. |
Meu amor cumpriu a palavra; me levou para navegar de canoa. Muchas gracias. |
Nosso retorno
foi épico. Para regressarmos mais rápidos (um temporal se formava) resolvemos
pegar um caminho diferente. Por isso remamos em direção ao lado de “fora” do
igapó, ou seja, sentido “alto-mar” como disse a amiga Alcione. A estratégia era
desviar das árvores que tinham no caminho utilizado anteriormente. Acontece que
essa outra opção não nos ajudou muito e ficamos distantes das margens do Rio
Negro. Seguíamos literalmente pela copa das árvores submersas. Em uma delas a
canoa chegou a ficar encalhada e deixou um clima tenso no ar, ou melhor, na água.. Essa vida de
canoeiro não é fácil. (Risada Sacana).
Logo depois que
conseguimos tirar a canoa da árvore tivemos mais um momento apreensivo quando
enfrentamos o banzeiro (onda) de uma embarcação motorizada que passou muito
perto de onde estávamos. Por muito pouco a água não entra na canoa. Depois
disso a missão foi achar um atalho para retornar ao caminho anterior já que em
“mar-aberto” a sensação não era das melhores. Todos sabiam nadar, mas ninguém
estava disposto a passar por esse sufoco em um rio daquela dimensão e com uma
diversidade enorme de animais.
No final
conseguimos encontrar uma passagem entre as árvores e retornar pelo caminho
mais “tranquilo” e chegamos a tempo de ainda mergulhar em um “banho” na própria comunidade. Não foi o lugar planejado para mergulhar nas águas escuras do Rio
Negro, mas ainda assim foi uma ótima recompensa pelo esforço realizado na canoa.
Aliás, minha primeira experiência com esse meio de transporte não poderia ter
sido melhor. Muito obrigado aos amigos presentes que proporcionaram momentos
inesquecíveis.
O relaxante
mergulho quase nos fez perder o horário da última lancha que regressava à
Manaus (área urbana). Mas ainda tivemos tempo de nos despedir dos anfitriões e
fazer um registro de todo o pessoal que ajudou a tornar esse dia memorável.
Registro com a Dona Nair. |
Mais um registro para posteridade. |
Transporte escolar nas comunidades ribeirinhas é assim. |
Ponto de "ônibus", rs. |
A volta para
Manaus foi debaixo de chuva, mas ainda assim chegamos bem.
02/05/2013 - 298°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
para recuperar as energias investidas nas remadas do dia anterior. Costas e
braços doloridos. Nada que um repouso não melhore a situação.
Depois de uma semana sem água, finalmente o abastecimento (noturno) da caixa d'água voltou a ser realizado. Havia passado da hora.
Depois de uma semana sem água, finalmente o abastecimento (noturno) da caixa d'água voltou a ser realizado. Havia passado da hora.
03/05/2013 - 299°
dia - Manaus (Folga)
Novamente no magnifico
Teatro Amazonas.
Como já havia
mencionado na postagem anterior, retornaria ao Teatro Amazonas para conhecer a
parte interna e realizar um registro externo durante a manhã em razão da
claridade. Novamente a visita aconteceu na companhia da Fabiane e Daiany que
não precisaram pagar a entrada por serem amazonenses. Eu desembolsei dez reais
para a visita guiada. O guia não nos pareceu muito adequado para a função, mas
ainda assim foi possível conhecer um pouco melhor a magnifica construção do final do século XIX.
Como ainda não
viajei à Europa, não sei como são os teatros naquelas bandas, mas pela
grandiosidade e beleza do Teatro Amazonas, tudo leva a crer que não perde para
nenhuma casa de espetáculo do exterior. Simplesmente é impressionante caminhar
pela área reservada à platéia e os demais pavimentos que comportam pouco mais
de 700 pessoas. Detalhes e histórias estão por todas as partes e merece um olhar
mais atento para conhecê-los. Por ora eu apresento apenas a minha satisfação em
ter conhecido mais essa preciosidade em território nacional.
Almoçamos na
região central e depois continuamos nossas andanças turísticas. Entre os
lugares visitados o destaque foi a Praça da Polícia que concentra uma
importante construção histórica da cidade; Palacete Provincial. Em outros
tempos o local abrigava o Quartel da Polícia Militar, mas atualmente suas salas
são distribuídas em museus, como por exemplo: Pinacoteca do Estado, Museu da
Numismática, Museu da Arqueologia e o Museu da Polícia Militar.
Na minha
opinião o mais interessante museu é o da Numismática Bernardo Ramos (estudo
sobre moedas e medalhas de todos os tempos e países). “Criado em 30 de novembro
de 1900, o Museu de Numismática foi reinstalado no prédio da Vila Ninita em
novembro de 2000 e a partir de 2009 passou para sua nova sede no Palacete
Provincial - local totalmente restaurado e revitalizado pela Secretaria de
Cultura. O Acervo está exposto em duas salas com exposições permanentes
acondicionadas em 74 vitrines, abrangendo as Idades Antiga, Média e
Contemporânea, e é constituída por moedas, cédulas, medalhas e condecorações
nacionais e internacionais.”
A antiga
coleção de Bernardo Ramos hoje é de propriedade do Governo do Amazonas e sem
dúvida merece uma visita. O guia local aparentou ter uma boa capacitação para
exercer a função e ajudou muito a esclarecer algumas dúvidas. Vale ressaltar
que esse é o maior museu de Numismática do Brasil, ou seja, mais um motivo para
não deixa de conhecê-lo. Recomendo. Observação: Não é possível tirar foto no local.
Na sequencia
seguimos em direção ao terminal portuário - que ficava próximo - para conferir o
horário e preço da passagem para Belém. A mesma estava 150 reais para saídas na
quarta-feira e 200 reais na sexta-feira. A viagem tem duração de quatro dias,
conforme informou a funcionária no guichê. Ainda estou analisando o melhor dia
para seguir viagem. Agora a partida vai ser ainda mais difícil.
04/05/2013 - 300°
dia - Manaus (Folga)
O que fazer no
300° de expedição? Agradecer a Deus pelo caminho iluminado que tem sido aberto
durante todo esse período. Caminho que, entre tantas coisas, me trouxe um
verdadeiro amor. A realização do maior de todos os sonhos; amar e ser amado.
Este
agradecimento poderia ter ocorrido em qualquer lugar, mas aconteceu na igreja
frequentada pela Fabiane. Um local simples e que me deixou em paz. Escutei
exatamente o que tinha que ter escutado. Foi um momento muito importante na
minha trajetória de vida. Quem me acompanha há muito tempo, antes mesmo de
iniciar essa viagem, sabe que em algumas fases fui cético em relação a muitas
coisas e por isso o simples fato de ir à igreja possa ter surpreendido certas
pessoas. Não preciso justificar nada, apenas acredito que essa expedição tem
sido um divisor de águas na minha vida e que eu estou disposto a ser uma pessoa
melhor, também no campo espiritual.
05/05/2013 - 301°
dia - Manaus (Folga)
Visita ao Jardim
Botânico.
Hoje aproveitei
a companhia da Fabiane para conhecer o Jardim Botânico de Manaus.
Abaixo as informações retiradas do site: http://www.jardimbotanicodemanaus.org/
Localizado na borda da Reserva Florestal Adolpho Ducke, na zona Leste de Manaus, seus mais de 3km de trilhas levam o visitante ao interior da mata primária onde é possível encontrar árvores como um angelim-pedra (Dinizia excelsa) de 40 metros e 400 anos de idade.
Borboletas e outros insetos, macacos e preguiças também podem ser vistos nas trilhas. Com sorte, há a chance de um encontro com animais selvagens raros, como o gavião-real (Harpia harpyja), que chega a medir dois metros de uma asa a outra e é considerada a mais poderosa ave de rapina do mundo.
Coleções de palmeiras, helicônias e aráceas, e um viveiro de orquídeas e bromélias formam o acervo de espécies trazidas do interior da Reserva e de diferentes regiões da Amazônia.
Biblioteca, anfiteatro, pavilhão e tenda para exposições e um viveiro com mudas para doação completam os atrativos. Programas de educação ambiental, jogos, oficinas de arte e sessões de contação de história e planetário são oferecidos aos grupos e escolas que agendam sua visita. Cientistas e jovens universitários também encontram no local apoio para realizar seus estudos.
Todas essas atividades contribuem para que o Jardim concretize sua missão de gerar, promover e divulgar conhecimentos sobre a flora amazônica, seus ecossistemas e suas interações com o meio ambiente, contribuindo para a construção da consciência ambiental.
Durante a nossa visita, visualizamos uma exposição temporária sobre anfíbios e peixes da Amazônia. A caminhada (guiada) nas trilhas também nos proporcionou conhecer muitas árvores especificas e interessantes da região. Surpreende o tamanho e forma de várias espécies. A sensação ímpar é realmente de andar no interior da maior floresta tropical do mundo. Infelizmente não tivemos a sorte de nos deparar com muitos animais. Confesso que gostaria de ver a Preguiça e flagrar os pássaros que anunciavam presença pelos seus magníficos cantos, mas fica para a próxima. Recomendo a visita. Entrada gratuita.
Abaixo as informações retiradas do site: http://www.jardimbotanicodemanaus.org/
Localizado na borda da Reserva Florestal Adolpho Ducke, na zona Leste de Manaus, seus mais de 3km de trilhas levam o visitante ao interior da mata primária onde é possível encontrar árvores como um angelim-pedra (Dinizia excelsa) de 40 metros e 400 anos de idade.
Borboletas e outros insetos, macacos e preguiças também podem ser vistos nas trilhas. Com sorte, há a chance de um encontro com animais selvagens raros, como o gavião-real (Harpia harpyja), que chega a medir dois metros de uma asa a outra e é considerada a mais poderosa ave de rapina do mundo.
Coleções de palmeiras, helicônias e aráceas, e um viveiro de orquídeas e bromélias formam o acervo de espécies trazidas do interior da Reserva e de diferentes regiões da Amazônia.
Biblioteca, anfiteatro, pavilhão e tenda para exposições e um viveiro com mudas para doação completam os atrativos. Programas de educação ambiental, jogos, oficinas de arte e sessões de contação de história e planetário são oferecidos aos grupos e escolas que agendam sua visita. Cientistas e jovens universitários também encontram no local apoio para realizar seus estudos.
Todas essas atividades contribuem para que o Jardim concretize sua missão de gerar, promover e divulgar conhecimentos sobre a flora amazônica, seus ecossistemas e suas interações com o meio ambiente, contribuindo para a construção da consciência ambiental.
Durante a nossa visita, visualizamos uma exposição temporária sobre anfíbios e peixes da Amazônia. A caminhada (guiada) nas trilhas também nos proporcionou conhecer muitas árvores especificas e interessantes da região. Surpreende o tamanho e forma de várias espécies. A sensação ímpar é realmente de andar no interior da maior floresta tropical do mundo. Infelizmente não tivemos a sorte de nos deparar com muitos animais. Confesso que gostaria de ver a Preguiça e flagrar os pássaros que anunciavam presença pelos seus magníficos cantos, mas fica para a próxima. Recomendo a visita. Entrada gratuita.
Começo da trilha no Jardim Botânico de Manaus. |
Árvores gigantes. |
In foco. |
As curiosidades encontradas na floresta. |
In foco. |
In foco. |
In foco. |
Fica difícil de enquadrar na lente da câmera fotográfica. |
Local da exposição de anfíbios e peixes. |
Sapos encontrados na região. |
Exposição de peixes encontrados nos rios da Amazônia. |
O famoso Aruanã. |
In foco. |
Instrumentos indígenas para pescar. |
In foco. |
Assistindo um documentário sobre a pesca praticada pelos índios. |
Jardim Botânico de Manaus. |
06/05/2013 - 302°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
quase exclusivamente à atualização do site.
Destaque de
hoje fica por conta da caminhada que começamos a fazer na Lagoa do Japiim onde
existe uma pista exclusiva para este exercício que nos propusemos a realizar na
pretensão de melhorar o condicionamento físico.
07/05/2013 - 303°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
quase exclusivamente à atualização do site.
08/05/2013 - 304°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
quase exclusivamente à atualização do site.
09/05/2013 -
305° dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
quase exclusivamente à atualização do site.
10/05/2013 -
306° dia - Manaus (Folga)
Visita ao INPA.
O passeio de
hoje foi ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
O INPA
compreende uma extensa área verde que é protegida e destinada para a realização
de estudos (fauna e flora) da região. A entrada custa cinco reais e talvez a maior atração do local
seja a presença do Peixe-boi da Amazônia que pode ser visualizado nos tanques onde
uma grande variedade de plantas aquáticas é frequentemente reposta para a sua
alimentação.
Em razão de um
processo de pesquisa em andamento, a água no tanque do peixe-boi estava suja e o registro
aconteceu somente quando ele emergia para se alimentar. Ainda assim foi interessante ver esse animal que nasce e se reproduz apenas nas águas da maior
floresta tropical do mundo.
Além da exuberante flora, o que também
pode ser encontrado durante a caminhada pelas várias trilhas é a ariranha,
jacarés, tartarugas, pássaros, e, principalmente, muitas cutias. Elas estão por todos os lados e
parecem estar habituadas com a presença humana. Outro animal que não estranhou
a nossa aproximação foi a arara-vermelha que nos proporcionou excelentes registros
e, sobretudo, uma reflexão a respeito do estilo de vida dessa ave.
Aproveito a
oportunidade e deixo aqui a analogia muito bem lembrada pela Fabiane entre a natureza das
araras e o nosso relacionamento:
"As araras são dóceis e fortes e uma característica bastante relevante da vida das araras é que elas são fiéis, monogâmicas toda a vida. Assim como os pinguins, as araras escolhem seus parceiros ainda na juventude e vivem com ele a vida inteira, isso significa cerca de 70 anos, média de vida da família. Na natureza, andam com um grupo maior, mas o casal fica sempre perto um do outro — voa, dorme e come junto. Desta forma, um pode proteger o outro e somente a morte é capaz de separá-los e mesmo com a morte do parceiro, ela ficará viúva(o) e não se unirá novamente"
"As araras são dóceis e fortes e uma característica bastante relevante da vida das araras é que elas são fiéis, monogâmicas toda a vida. Assim como os pinguins, as araras escolhem seus parceiros ainda na juventude e vivem com ele a vida inteira, isso significa cerca de 70 anos, média de vida da família. Na natureza, andam com um grupo maior, mas o casal fica sempre perto um do outro — voa, dorme e come junto. Desta forma, um pode proteger o outro e somente a morte é capaz de separá-los e mesmo com a morte do parceiro, ela ficará viúva(o) e não se unirá novamente"
Outra atração
do INPA é a Casa da Ciência, espaço que exibe um cenário com animais, frutas
(muitas já provadas) e plantas da
região. Destaque para a maior folha registrada na Amazônia.
A amiga Daiany nos presenteou, mais uma vez, com a sua presença e ficou responsável pelos registros fotográficos do casal. Sou suspeito para falar do resultado dos cliques. Mas achei
que ficou excelente
A árvore somente não é maior do que o nosso amor. |
In foco. |
Amor pra vida toda. |
Amor pra vida toda. |
E o Lago do Bosque ficou mais bonito com a nossa presença, rs. |
Amor pra vida toda. |
Amor pra vida toda. |
Amor pra vida toda. |
Finalizamos o
dia, novamente, na casa da vó, com uma conversa agradável com a família e a
degustação do açaí direto da fonte. Perfeito.
11/05/2013 -
307° dia - Manaus (Folga)
Aniversário.
Voltei a mais
uma festa de aniversário. A Flaviane, amiga da Fabiane, estava completando mais um
ano de vida e como desta vez nós tínhamos o convite, comparecemos para
parabeniza-la. Felicidades Flaviane.
12/05/2013 - 308°
dia - Manaus (Folga)
Dia das mães.
Neste dia
especial eu não poderia deixar de ligar para a minha amada mãe para dizer que
essa distância não é maior do que todo meu amor por ela.
Te amo, mãe.
Te amo, mãe.
13/05/2013 - 309°
dia - Manaus (Folga)
Dia dedicado
exclusivamente à atualização do diário de bordo.
14/05/2013
- 310° dia - Manaus (Folga)
Último dia em
Manaus.
Aproveitei o
dia para ficar com a minha amada.
Durante a noite
fomos caminhar na lagoa do Japiim na presença das amigas de todas as horas; Daiany e Alcione. Após o exercício paramos em uma pizzaria para recuperar as energias perdidas.
Com essa turma reunida é claro que a despedida foi boa companhia e
divertida. Sentirei saudades de vocês.
15/05/2013 - 311°
dia - Manaus x Belém (Navio)
Chegou a hora
de partir.
Após um mês e
meio em Manaus, estava na hora de continuar a viagem. Claro que a vontade de
permanecer com a minha amada é enorme, mas ela compreende que o projeto precisa
ser finalizado. Em poucos meses nos reencontraremos no outro extremo do país. Agora sinto que tenho ainda mais forças para avançar, não somente na expedição, mas também nos próximos passos da minha vida.
Acordei cedo
para terminar de arrumar minha bagagem e coloca-la na Victoria. Por volta das
10 horas partimos em direção ao terminal portuário. A sogra e a Fabiane estavam de moto para
me mostrar o caminho. Em 30 minutos de pedal estava no local desejado.
Eu ainda não tinha
a passagem e ao invés de comprar no guichê do porto, adquiri a mesma de um
vendedor de rua que tinha uma tenda ao lado da área de embarque. O preço começou em
180 reais, mas depois de muito argumentar que no guichê oficial custava 150
reais, fechamos por esse valor. Acontece que esse preço oficial era referente a uma promoção
existente na semana passada. Pela surpresa do vendedor ao receber a notícia, ela (oferta) não continuava, mas
ainda assim o desconto permaneceu.
A saída do
navio (Amazon Star) estava marcada para às 13 horas, mas acho que por volta das 11h30m eu já
estava embarcando, contudo, na entrada tive uma surpresa. A bicicleta teria que
pagar 30 reais para ser transportada. Detalhe, o vendedor não me avisou nada
sobre essa taxa. Resultado: tive que conversar com o gerente que não resolveu a
minha situação e pediu para eu falar com o vendedor. Fui procura-lo enquanto a
Fabiane cuidava da Victoria.
O vendedor
tampouco resolveu a questão da taxa e mencionou que a ajuda já havia sido
concedida no desconto da passagem. Avisei que não precisava ter omitido sobre
o preço que teria que pagar pela bicicleta. Por isso recomendo a você que vier para a região; compre a passagem diretamente no guichê oficial e se informe sobre a bagagem e a possível taxa. Não sinta-se tentado a adquirir o bilhete com esses vendedores de rua.
Como eu estava
sem muito dinheiro, tive que ir a uma agência do meu banco para sacar o
suficiente para me alimentar nos quatro dias de viagem até Belém. Acontece que
o caixa eletrônico resolveu dar problema e deixou de “soltar” dez reais da
quantia total. Do jeito que peguei o dinheiro levei para o gerente e expliquei
a situação. Ele teve que conferir a conta, extrato, número da máquina e acho
que até nas câmeras de segurança para poder me dar o dinheiro restante. Perdi
pelo menos meia hora em todo esse processo. Portanto, mais uma dica; nunca deixe de conferir o dinheiro retirado de um caixa eletrônico.
Eu não poderia
perder mais tempo e voltei rapidamente ao navio. Era importante chegar cedo
para pegar um local melhor para atar a rede. No interior do navio fui conversar
com a mulher que tinha me cobrado os 30 reais e com mais um pouco de choro,
consegui que ela embarcasse a Victoria por apenas 20 reais. Tirei toda a
bagagem da Victoria para que ela pudesse ser colocada no compartimento de carga
que fica na parte de baixo do navio.
Peguei minhas
bagagens com a ajuda da Fabiane e subimos para o segundo piso, destinado para as
redes. O local já estava praticamente lotado, mas ainda assim conseguimos um
espaço. Rapidamente atamos a rede e mal tivemos tempos de nos despedir porque o
navio ligou o motor e minutos depois já estava de partida.
Na sequencia fui
à janela para ver meu amor mais uma vez. Eu poderia escrever muitas coisas sobre todos esses dias e também os próximos que ficaremos juntos, contudo, quero apenas dizer o mais importante: Amo você, meu amor.
No navio fiquei
observando aquele emaranhado de rede. Apesar do cenário parecer bagunçado,
é tudo muito simples; você chega, procura um lugar vago para atar a rede e
coloca sua bagagem debaixo e pronto. Vale ressaltar que não existem ganchos
para colocar a rede. É preciso levar dois pedaços de corda para amarrar nas
barras de ferro que são afixadas no teto da embarcação.
Desde que
voltei ao Brasil eu tenho escutado os mais diversos comentários e conselhos sobre essa viagem
Manaus x Belém. Acho que o principal alerta foi em relação à segurança das
bagagens. Por isso tenho colocado todas as coisas de valor na minha bolsa de
guidão e levo sempre comigo. Pensei que ficarei “preso” à rede, mas com essa
estratégia foi possível caminhar tranquilamente pelos vários compartimentos do navio.
O Amazon Star
tem o primeiro piso destinado às cargas e; o segundo para as redes, banheiros,
bebedouro e refeitório. Vale dizer que o banheiro é melhor do que eu imaginava.
São vários chuveiros e sanitários com a devida privacidade. Uma dúvida que eu
tinha era sobre a necessidade ou não de racionar água, mas pelo jeito esse
problema não existe. O bebedouro disponibiliza água potável gelada o tempo
todo, ou seja, não é preciso se preocupar com isso. O refeitório tem horários
específicos para funcionamento. É servido café da manhã, almoço e janta.
Valores variam de 5 a 13 reais, conforme a refeição. Um marmitex custa 8 reais
e service-self 13 reais.
No terceiro
piso estão os camarotes (700 reais para o trecho Manaus x Belém. O quarto conta com duas camas), cabine do comandante, bar e o convés. Acho que essa é
a área mais agradável para observar a paisagem. Foi dessa parte que visualizei
o famoso e curioso encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Por alguns
quilômetros as águas simplesmente não se misturam. O fenômeno pode ser notado através
da diferença na cor da água de cada rio. Registro garantido.
No final da
tarde o pôr-do-sol em pleno Rio Amazonas deixou a paisagem ainda mais bonita.
Fiquei sentado no convés principal acompanhando toda essa natureza maravilhosa;
sol, água e floresta.
Pôr-do-sol. |
Por volta das
19 horas voltei para a rede na pretensão de descansar, mas foi difícil
encontrar uma posição confortável. A presença de outras redes deixou o espaço
ainda mais limitado, impedindo uma movimentação maior. Três horas depois eu ainda continuava
acordado, contudo, o silêncio imperava e se não fosse a luz acesa eu tinha
conseguido dormir com mais facilidade. Ainda assim o primeiro dia em “alto-mar”
terminava sem maiores problemas.
Dia finalizado com 8,02 km em 0h32m e velocidade média de 14,64 km/h.
Dia finalizado com 8,02 km em 0h32m e velocidade média de 14,64 km/h.
16/05/2013 - 312°
dia - Manaus x Belém (Navio)
Em território
paraense.
Cheguei ao quinto
estado brasileiro nesta expedição.
A noite
realmente não foi das melhores. Devo ter dormido no máximo 3 horas por não
achar uma posição confortável. Não tem sido fácil me acostumar a dormir na
rede. Paciência.
Às cinco horas da
madruga um senhor passou tocando um sino avisando que o café da manhã estava na
mesa. O alerta é por que a refeição gratuita fica à disposição apenas por uma
hora, ou seja, não hesitei em acordar, levantar e me dirigir ao local. No refeitório eu poderia
pegar café, leite e um pão de hambúrguer com margarina. Simples, mas é melhor
do que nada, ainda mais que não é preciso desembolsar um centavo por isso.
Ainda na parte
da manhã fui ao convés com o computador para poder atualizar o diário de bordo.
Acho que agora as postagens voltam ao normal. (Risada Sacana). Também descobri
uma tomada onde é possível carregar a bateria dos eletrônicos.
Às 7h15m
ancoramos no porto da conhecida cidade do boi; Parintins. No local, vendedores
entraram no navio para vender as mais variadas mercadorias, sobretudo, comida.
Eu fiquei em dúvida se comprava uma ou duas marmitas já que o valor era mais
baixo, mas ainda era muito cedo e acabei sem levar nenhuma. Não demorou nem 15
minutos e o navio zarpou em direção ao Pará. Quase meio-dia chegamos à Juriti,
primeira cidade paraense após a divisa com o Amazonas. No porto entraram mais
alguns passageiros e vendedores. No cais algumas mulheres ofereciam marmita a
cinco reais. Comprei duas e me arrependi pela pouquíssima comida. Certamente as
próximas refeições serão adquiridas na embarcação.
Não demorou
muito e ancoramos em Óbidos, mais uma cidade às margens do Rio Amazonas. A
surpresa ficou por conta de uma fiscalização da Força Nacional onde os
policiais entraram no navio e começaram uma revista aleatória – meu alforje
dianteiro foi verificado – nas bagagens em busca de produtos ilegais. Um cão
farejador auxiliou a busca por entorpecentes que não foram encontrados.
A presença da
polícia neste tipo de situação geralmente deixa as pessoas um pouco tensas e
isso era facilmente notável nos semblantes dos passageiros. Como eu não tinha o
que temer, encarei a abordagem com tranquilidade e fiquei apenas observando a
movimentação. Por ordem policial, todas as redes são levantadas para facilitar
a checagem das bagagens. Algumas pessoas precisaram mostrar a nota fiscal de
determinados produtos levados naquela área da embarcação.
A Polícia
Federal completava o quadro dos policiais envolvidos na operação. A
fiscalização destes é também destinada aos estrangeiros presentes no navio,
inclusive, perguntaram se eu era um deles. Está difícil parecer brasileiro por
essa região. Um francês ao ser questionado sobre sua nacionalidade teve apenas
que apresentar o passaporte e com as questões burocráticas em ordem, foi
liberado.
Assim que a
operação policial terminou, a moça que estava na rede ao lado me dirige a
palavra pela primeira vez e surpresa me pergunta: Você é mesmo brasileiro?
Respondo: Sim! E então ela, sem graça, diz: Nem parece. Eu sinceramente não sei
definir o que é parecer brasileiro. Todavia, no sudeste e sul do país
existe uma heterogeneidade de pessoas muito maior do que nesta região do país,
então acho que algumas pessoas ao ver um individuo um pouco diferente já pensam
que é estrangeiro. Acredito que isso explica o porquê de vários questionamentos
neste sentido desde que retornei ao Brasil.
Após a parada
em Óbidos a embarcação seguiu em direção à Santarém, segundo município mais
importante do Pará. A viagem continuou tranquila e precisei apenas curtir a
natureza na parte superior do navio.
Viver isoladamente. Você está fazendo isso corretamente. |
In foco. |
Chegamos à
Santarém por volta das 21 horas e o comentário entre os passageiros é que o
navio partiria somente às 12 horas do dia seguinte. O motivo é que durante a
manhã seria realizada a transferência novas cargas para o interior da
embarcação. O interessante de ancorar na cidade foi que o local era o destino
final de muitas pessoas e como o embarque de passageiros aconteceria somente no
próximo dia, o espaço entre as redes ficou maior e finalmente eu consegui ficar
menos desconfortável na hora de dormir.
17/05/2013 - 313°
dia - Manaus x Belém (Navio)
A noite foi
curta, porém tranquila.
Ontem eu fui
deitar por volta das 22 horas e não demorou muito tempo para o navio ser tomado
pelo silêncio. Muita gente fez o mesmo que eu e aproveitou a calmaria para dormir
um pouco melhor. O sono foi despertado apenas por volta das 4h30 quando o
pessoal começou a se movimentar. Pouco depois o sino foi tocado anunciando que
o café da manhã estava disponível. Fui matar a fome.
Com o navio
ancorado eu fui andar pela embarcação e acabei no cais, onde aproveitei a
presença de alguns passageiros para fazer um registro do navio que realiza a
nossa viagem. Durante a conversa com o pessoal, acabei por fazer amizade com os
paulistas; Marco e Carlos e também o francês Cris que está há mais de dois
meses em território brasileiro e, inclusive, já passou por Foz do Iguaçu e
visitou as Cataratas do Iguaçu.
Os paulistas me
notificaram que durante a madrugada houve roubos entre os passageiros;
celulares, dinheiro e até uma televisão foram levados. A notícia serviu apenas
para eu cuidar ainda mais das minhas coisas e reforçar aos “vizinhos” para
olharem a minha bagagem enquanto eu estivesse ausente. Apesar disto, vale
ressaltar que em nenhum momento eu senti algum tipo de insegurança. Acho que
esse tipo de roubo acontece pelos oportunistas de plantão que acabam por se
aproveitar da distração de certas pessoas.
Já que o navio
partiria apenas ao meio-dia, aproveitei para conversar bastante com a galera.
Acho que o pessoal começou a se dar conta que eu era brasileiro e assim foi
possível dialogar melhor com os demais viajantes.
De volta ao
navio, mais especificadamente no convés da embarcação, aproveitei para
registrar alguns pássaros típicos da região. Infelizmente não consegui flagrar
os vários botos tucuxis que se exibiam nas proximidades. Eles são rápidos e
imprevisíveis. Fica difícil acertar o local em que eles vão aparecer. Por isso
fico devendo o clique.
O almoço do
navio começou a ser servido às 11 horas da manhã. Gostaria de ter comprado o buffet,
mas hoje somente o marmitex estava à disposição, mas ainda assim não precisei
desembolsar um centavo para me alimentar. O paulista Marco curtiu o projeto da
expedição pela América Latina e acabou por me presentear com o almoço que
estava muito melhor que as duas marmitas compradas ontem em Juruti. Sem dúvida
vale a pena investir na refeição do próprio navio.
A embarcação
ficou cada vez mais cheia conforme se aproximava o horário da partida. Com a
entrada de novos passageiros, o espaço entre as redes que já era limitado,
ficou em uma situação ainda mais critica. Colocaram pelo menos mais três redes
ao meu redor e eu já imaginava que aquilo tornaria o meu sono quase impossível
no final do dia. Mas achei melhor nem pensar sobre isso àquela altura do campeonato.
Fui para o convés e liguei para a minha amada enquanto o navio deixava a enorme
Santarém para trás. Tenho aproveitado o sinal (telefone) existente nas cidades
para mandar notícias.
No período da
tarde ainda houve paradas em Monte Alegre e Prainha para o embarque/desembarque
de passageiros e cargas. O mesmo aconteceu em Almeirim, cidade onde a cantora
Joelma da banda Calypso nasceu. Na verdade isso não tem muita relevância.
(Risada Sacana). Mas é que se você fizer essa viagem, certamente vai ouvir os
passageiros comentando sobre tal fato. Prepare-se.
Monte Alegre. |
Região portuária de Monte Alegre. |
No final do dia
fui encarar o sufoco de “tentar” dormir no meio daquele emaranhado de rede.
Muita calma nessa hora.
18/05/2013 - 314°
dia - Manaus x Belém (Navio)
“Olha o queijo.
Olha o queijo. É só cinco reais.”
A frase acima
poderia passar facilmente despercebida se proferida em uma feira ou
estabelecimento alimentício, mas jamais em um navio à 1 hora da madrugada
quando a maioria dos passageiros está dormindo ou cochilando, como era meu
caso. Isso porque foi realmente impossível dormir em razão da total falta de
desconforto na rede. Era difícil realizar qualquer movimento sem bater na
pessoa ao lado. Para, além disto, apareceu um monte de vendedores de queijo na
parada realizada em alguma cidade que eu não recordo o nome. Uma coisa é certa,
você tem que ter muita, mas muita paciência para fazer uma viagem de navio
entre Manaus x Belém, caso contrário o estresse é garantido.
Mas a surpresa
do dia não se restringiu aos queijeiros da madrugada. Nosso dia foi marcado
pela aproximação dos moradores ribeirinhos. Em suas pequenas canoas, eles, ao
notarem a presença do navio, se deslocam em direção ao mesmo. A atitude tem
motivo; doações de alimentos, calçados e roupas que são lançados pelos passageiros
e tripulantes. A ação surpreendeu quem não conhecia o procedimento que parece
ser comum durante as viagens.
O que também
chama atenção é que as canoas, na maioria das vezes, é conduzida por mulheres e
crianças com idade aproximada entre 5 a 10 anos e que não raramente estão
sozinhas em um rio daquelas dimensões. Claro que a cena é chocante para quem
não está acostumado, mas certamente eles sabem se movimentar naquele ambiente
muito melhor que um adulto da cidade. Afinal eles nasceram com toda aquela natureza ao redor e
nada mais normal do que estarem habituados com a imensidão de água que nos parece
ainda mais perigosa com o banzeiro do navio. Algo que nem de longe parece
assustar eles.
Passamos por
alguns canais onde o rio ficou estreito e o aparecimento de casas às margens do
rio mais frequente. Os moradores continuaram a se aproximar do navio na
intenção de receber doações, contudo, o que também me surpreendeu foi ver a
audácia de vendedores que ao estilo de piratas se aproximam do navio com as
suas canoas (sem motor) e com uma agilidade incrível conseguem amarrar uma
embarcação à outra sem maiores dificuldades e entram para oferecer seus
produtos; camarão, palmito, frutas e entre outros.
Toda a
agilidade dos vendedores fez com que alguns passageiros lembrassem tempos
passados onde “piratas” entravam nos navios da mesma forma, contudo, não para
vender produtos e sim para roubar as malas das pessoas no período na noite, quando elas estavam dormindo. Acho que isso já é mais difícil de acontecer
atualmente. Então não se assuste ao ver uma canoa junto ao navio, provavelmente
é apenas mais um vendedor querendo ganhar a vida.
No final na
tarde começamos a navegar ao lado da famosa Ilha de Marajó. A dimensão do rio
ficou muito maior e os comentários é que naquele ponto a água já era salgada,
afinal, estávamos na parte calma da Baía de Marajó. Muitas pessoas tinham me
avisado sobre os perigos desta baía que já foi o local de muitos naufrágios em
razão das fortes ondulações no rio. Situação que começou a ocorrer somente de
noite. Tensão total!
Parte tranquila da Baía de Marajó. |
Imensidão de água. |
... Sinal ... |
Era a quarta
noite no navio e sem dúvidas foi a pior de todas. A confusão das redes ficou
ainda mais acentuada durante a passagem pela parte agitada da Baía de Marajó. O
navio balançou praticamente a madrugada toda e acho que nenhuma rede conseguiu
ficar imune aos efeitos do “mar” e o balanço era geral e a consequência inevitável;
uma rede batendo na outra. Se antes era possível apenas cochilar, nem isso foi
permitido no final do dia. Misericórdia.
19/05/2013 - 315°
dia - Manaus x Belém (Navio)
Finalmente na
capital paraense.
A madrugada se
resumiu a uma coisa; evitar o balanço da rede para evitar o choque com os
demais vizinhos, muito embora, a missão tenha sido praticamente em vão já que os
outros passageiros não tinham a mesma consciência. Sem conseguir nem ao menos
cochilar, fiquei na torcida para que o tempo passasse o mais rápido possível
para sair daquela situação desagradável.
O navio foi
parar de balançar mais forte somente por volta das 4 horas da manhã. Aproveitei
a calmaria para levantar e começar a arrumar minhas coisas e desatar a rede,
afinal, Belém estava, finalmente, próxima.
Às 5h30m o
navio ancorou na capital paraense e o desembarque ocorreu normalmente. Me despedi
do pessoal e fui em direção à saída do terminal portuário onde havia combinado
de encontrar com o Lauro Haber, uma lenda viva do cicloturismo nacional. Tinha
mencionado que o navio chegaria às 7 horas, portanto, tive que esperar, mas
como o camarada chegou um pouco antes, às 6h30m começávamos a pedalar pela
cidade.
Lauro é um
cicloturista experiente, já pedalou por todo o Brasil e certamente foi recebido
muito bem por outros ciclistas. Assim, não hesitou de retribuir a hospitalidade
e aceitou o pedido de ajuda durante a minha estadia na cidade. Lauro se prontificou
a me encontrar no porto para me acompanhar até a casa do anfitrião Santos que
estava ciente da minha chegada à Belém.
O camarada
Lauro aproveitou a tranquilidade das ruas na manhã de domingo para me
apresentar alguns lugares interessantes da cidade. E, sinceramente, Belém me
surpreendeu com suas praças, ruas, avenidas, construções históricas, museus,
feiras e mercados. Passei rapidamente na frente do mais famoso deles;
Ver-o-peso. Como estava com a bicicleta carregada não entrei, mas voltarei nos
próximos dias para conferir e registrar melhor todos esses pontos.
Após esse cicloturismo
urbano nos direcionamos à casa do Lauro onde tomei um café da manhã e conversei
bastante sobre o roteiro a seguir. Ele e a esposa fizeram recentemente Belém x
Rio e passaram por boa parte do trajeto que eu pretendo fazer.
No período da
tarde saímos para encontrar o endereço em que estava localizada a residência do
Santos e com menos de dez quilômetros pedalados já havíamos encontrado. O
anfitrião nos aguardava e a recepção foi mais uma vez excelente. Aqui eu devo
permanecer até quinta-feira e depois eu sigo em direção a São Luís no Maranhão.
Dia finalizado com 21,62 km e velocidade média de 10,99 km/h.
Dia finalizado com 21,62 km e velocidade média de 10,99 km/h.
20/05/2013 -
316° dia - Belém (Folga)
Dia dedicado
exclusivamente à atualização do diário de bordo.
No período da
noite fui pedalar com um grupo de amigos do anfitrião Santos. O pedal alternou
momentos com ritmo forte e tranquilo. Valeu para conhecer um pouco mais a
cidade de Belém.
21/05/2013 -
317° dia - Belém (Folga)
Dia dedicado
exclusivamente à atualização do site.
Amanhã devo
retornar ao centro para conferir e registrar os principais pontos turísticos da
capital paraense. Aproveitarei para comprar mantimentos e fazer uma programação
melhor para seguir até São Luís no Maranhão onde espero chegar em no máximo
sete dias. Espero fazer a próxima postagem quando chegar nessa primeira capital
nordestina da minha expedição.
No mais, fica registrado, mais uma vez, meu sincero agradecimento a todos que continuam acreditando no projeto e não hesitam em me apoiar. Meu muito obrigado.
Abraços.
"Hasta Victoria Siempre"