19/10/2012 - 103° dia - Nasca a
Santiago
A volta da normalidade
intestinal.
Acordei cedo e às 5 horas da
manhã eu já arrumava minhas coisas nos alforjes para seguir viagem. Felizmente
levantei bem melhor e parecia que nada havia acontecido, nenhum desiquilíbrio
intestinal. Que maravilha! Novamente estava faminto e com muita disposição para
pedalar. Preparei meu desayuno e quase às 7 horas fui em direção à estrada, não
sem antes me despedir do pessoal da Pousada Guadalupe onde fui muito bem
recebido.
A hospedagem fica próxima à saída
para Lima, assim, não demorei muito e já estava na famosa Rodovia Panamericana
que atravessa todo o continente americano. A estrada está em ótimas condições,
inclusive, com um acostamento gigantesco que oferece muita segurança ao
ciclista que pode pedalar tranquilo apesar do movimentado trânsito da rodovia.
Rodovia Panamericana Sul - Região de Nasca
A pretensão do dia: chegar à Ica,
distante aproximadamente 150 km de Nasca. Uma distância diária considerável,
mas não impossível, já que eu havia deixado a Cordilheira dos Andes para trás. Mas
as montanhas continuaram pelo caminho, contudo, não interferiram no relevo,
pelo menos, nos primeiros quilômetros que se revelaram mais planos e sem
maiores dificuldades.
Deserto. A região é a mais seca
do país e isso fica bem evidente na paisagem. Fauna e flora quase inexistentes.
Pelo caminho também é possível observar letreiros à beira da estrada que
informam sobre a zona arqueológica que compreende as misteriosas e igualmente
famosas linhas e figuras de Nasca. Vários aviões de pequeno porte sobrevoam a
área em uma altura relativamente baixa para apresenta-las aos turistas com uma
situação financeira mais confortável, uma vez que o passeio custa de 80 a 90
dólares. E a considerar o número de aviões, muitos são os interessados.
Panamericana: excelente para pedalar.
Zona arqueolóica.
Para quem deseja conhecer os supostos
desenhos da civilização Nasca sem despender-se de muito dinheiro, as opções são
os mirantes na Rodovia Panamericana (sentido Lima). O primeiro. surge 25 km
após a saída de Nasca. Foi preciso subir uma pequena montanha para observar a dimensão
das linhas realizadas pela civilização. Neste local não existem figuras, por
isso não crie expectativas em vê-las aqui. Interessante mesmo é imaginar o
significado que a antiga civilização atribuía a essas “obras” que continuam a
resistir ao tempo. Aqui não é preciso pagar nenhuma taxa e também não existe controle,
apenas placas que alertam para não pisar nas linhas. Um guia que estava no local
me informou que metros à frente se encontrava o mirante de onde era possível
ver duas figuras. Este era o que eu esperava, fui a sua direção.
Lineas de Nasca visualizadas no primeiro mirante.
Lineas de Nasca.
Lineas de Nasca.
O segundo mirante não está longe
do primeiro ponto de observação, menos de um quilômetro, ainda na Panamericana.
No local é preciso pagar apenas dois soles para subir à torre metálica de onde
é possível ver duas figuras; Las Manos e El Arbol. Os desenhos, ainda que
visualizados do mirante, são no mínimo curiosos e sem dúvida vale uma parada
rápida para conhecê-los. Fiquei alguns minutos no local antes de voltar a
pedalar. Aqui encontrei um casal de Curitiba com quem conversei um pouco. É
sempre interessante encontrar com viajantes brasileiros.
Mais um lugar conquistado.
À frente, no lado esquerdo da rodovia, o segundo mirante.
Mirante. Apenas 2 soles para observar as figuras.
Las Manos.
El Arbol.
Panamericana vista do alto do mirante.
De volta à Panamericana as
surpresas não param. Agora elas acontecem em razão das áreas verdes que surgem
em meio ao deserto. Geralmente são povoados que, apesar do clima da região, fazem
uma inteligente utilização da irrigação na agricultura, sobretudo, para o
cultivo das mais diversas frutas.
Descida é sempre bem-vinda.
O contraste em meio ao deserto.
Com pouco mais de 50 quilômetros
pedalados, uma parada em Palpa para almoçar. Com a proximidade do Oceano
Pacífico, não é difícil encontrar restaurantes que ofereçam frutos do mar no
cardápio, contudo, o preço também é salgado e isso me obriga a escolher o menu
tradicional, também não muito barato, 7 soles. Sopa e macarronada estavam
deliciosas.
Chegada à Palpa.
Algo que ainda não mencionei, mas
que acontece na maioria dos restaurantes no Peru é o fato de servirem “gratuitamente”
uma bebida para acompanhar a refeição. Geralmente é um copo de chá quente
(mesmo quando a temperatura ambiente está alta) ou ainda um refresco (suco bem
fraco), mas que mesmo assim é bem-vindo e acaba sendo uma forma de economizar,
já que não é preciso gastar com outras bebidas.
Após o almoço surgiram algumas
subidas mais fortes. A primeira foi logo após a saída de Palpa, apesar de
íngreme, sua extensão não passa dos dois quilômetros, bem tranquila. No entanto,
dez quilômetros depois, apareceu um aclive que não estava nos meus planos, cinco
quilômetros de pura montanha com aquelas típicas curvas que por meses fizeram
parte do meu cotidiano na Cordilheira dos Andes.
Região de Palpa
Da série: Coisas que a gente encontra pelo caminho.
Subida. Repare na "casinha" no alto da montanha (lado esquerdo), eu deveria pedalar até aquele local.
Subida em pleno deserto.
Cinco quilômetros de aclive para relembrar as Montanhas dos Andes.
In foco.
No final da subida. A "casinha" bem mais próxima.
A forte subida deixa outro raio
quebrado na roda traseira. Espero que aguente sem mais quebras até Lima onde
finalmente trocarei todos os raios velhos. Avançar os cinco quilômetros de
subida não foi fácil, além do trecho íngreme, o vento contra também apareceu. O
senhor Pedro, recepcionista da Pousada Guadalupe havia me alertado sobre o
vento, inclusive, chegou a orientar que eu começasse a viagem o mais cedo
possível para evita-lo. Agora eu sabia o porquê deste aviso. Paciência!
Após a subida, um trecho com
descida e logo depois algumas subidas moderadas. Com 75 quilômetros pedalados
finalmente as montanhas ficam para trás e o que vejo no horizonte é somente a
Panamericana em uma longa reta. Após esse trecho somente deserto e nada mais,
sinistro.
Última parte com as montanhas ao redor.
Rodovia Panamericana e o deserto. Nada mais.
Eu pedalava bem tranquilo desde o
começo do dia, mas com vento contra do período vespertino meu ritmo ficou bem
comprometido e avançava com muita dificuldade, por vezes a velocidade média não
superava os 10 km/h. O problema é que eu tinha muitos quilômetros para pedalar
e pouco tempo com claridade. Cogitei parar em algum povoado para acampar, no
entanto, os quilômetros e minutos passavam e nenhuma alma apareceu pelo caminho.
Apenas deserto.
Eu não tinha muita água, mas
seria suficiente para cozinhar caso eu realmente tivesse que montar acampamento
no meio do nada. No entanto, resolvi que essa seria a minha última alternativa.
Resolvi pedalar até Ica na escuridão. Isso significava ficar na estrada até às
22 horas aproximadamente, já que faltavam mais de 40 km quando o pôr-do-sol,
fantástico, diga-se de passagem, aconteceu por volta das 18 horas.
Magnífico pôr-do-sol.
Como eu preparei meu psicológico
para pedalar de noite, não ligava mais para o fato de não aparecer nada pelo
caminho. Consegui racionar a pouca água e avançava com a música no fone de
ouvido. O pedal estava tranquilo apesar da temperatura ter despencado com o
começo da noite e o vento contra que me obrigaram a colocar a jaqueta corta
vento. No mais, o acostamento me oferecia uma boa segurança, sem falar que a
minha lanterna iluminava bem o caminho.
Os quilômetros passaram noite adentro
quando surgiu uma cidade imensa no horizonte, seu tamanho era perceptível pela
enorme área iluminada no deserto. Só poderia ser Ica que tem mais de 300 mil
habitantes, no entanto, na minha planilha ainda faltava muito para a cidade chegar,
então naquela hora eu já não entendia mais nada. Sei que apareceu uma descida
que foi muito bem-vinda e na sequencia entradas para distritos pertencentes à
Ica e aquele monte de luzes que eu enxergava. Todavia, esses povoados não ficam
às margens da rodovia e assim eu continuava com o plano de terminar o dia
apenas em Ica.
Após muito tempo de pedal sem
aparecer nada às margens da estrada, finalmente civilização. Cheguei a um
vilarejo no distrito de Santiago. No local perguntei a um jovem sobre a
distância para Ica. Ele não soube responder com precisão, mas recomendou que eu
acampasse na pracinha da vila, disse que era seguro e tudo mais. Apesar da
aparente boa intenção do rapaz, suspeitei e resolvi seguir meu caminho.
Pedalei poucos metros e enquanto
observava a “pracinha” recomendada para o camping, sou abordado por um senhor
que me cumprimenta e faz as perguntas que sempre tenho o prazer de responder.
Durante a conversa ele faz a mesma sugestão do rapaz anterior, me disse para
montar acampamento. Garantiu ser seguro e inclusive uma família de cicloturistas
da França já havia pernoitado no local.
Não sei por que, mas eu ainda não
estava convencido de ficar no lugar. Pensei bastante antes de decidir
algo. O senhor ao perceber minha
indecisão resolveu me convidar para montar o acampamento no quintal da sua casa
que ficava ao lado da tal praça. Perguntei se não atrapalharia e com a sua
resposta, aceitei o convite. Já era bem tarde, quando olhei o velocímetro já
era 20h15m. Ica estaria somente há 25 km deste local.
César era o nome do senhor que
ofereceu o quintal de sua casa. No local fui muito bem recebido por toda a
família. Ganhei água e um prato de comida, arroz e frango ensopado. Estava uma
delícia, agradeci muito pela hospitalidade. Conversei bastante com o pessoal e
após a refeição comecei a montar acampamento. Em poucos minutos minha
residência estava pronta e meu sono garantido.
Dia finalizado com 125,60 km em
10h06m e velocidade média de 12,41 km/h.
20/10/2012 - 104° dia - Santiago
a Pisco
A noite foi tranquila no
acampamento.
Acordei por volta das 5 horas da
manhã e logo comecei a desmontar a barraca e guardar as coisas. Por incrível
que pareça fiz tudo muito rápido e em menos de uma hora eu já estava preparado
para seguir viagem. Fazia a última checagem na bicicleta quando a mãe do César chegou
com um prato de arroz, omelete e uma xícara de chá, disse que era para eu
começar bem o dia. Agradeci imensamente pela hospitalidade que me deixou bem
emocionado. Toda a situação me fez lembrar a música Simplicidade do Patu Fu: Vai diminuindo a cidade / Vai aumentando a
simpatia / Quanto menor a casinha / Mais sincero o bom dia.
Hora de acordar e desmontar acampamento.
Acampei no quintal desta casa à esquerda. Do outro lado fica a tal "pracinha".
Após a refeição me despedi do
pessoal e fui para a estrada às 06h10m. Objetivo, chegar à Pisco, cidade
estratégica para conhecer a Reserva Nacional de Paracas. No entanto, eu
precisaria pedalar mais de 100 quilômetros. Parte desta distância foi
percorrida sem maiores dificuldades na parte da manhã.
O trecho entre Santiago e Ica é
relativamente tranquilo e plano em quase sua totalidade. Pelo caminho, muitas
áreas destinadas ao cultivo das mais diferentes frutas. Segundo os vários
letreiros na frente das propriedades, a fruta produzida aqui é saudável e por isso
o ingresso de qualquer fruta está extremamente proibido para evitar possíveis
contaminações. Atitude compreensível.
In foco.
Com 25 quilômetros pedalados
finalmente a chegada à grandiosa cidade de Ica. Logo após a placa de boas
vindas há um caminho que segue para Ica e outro (à esquerda) que vai à Lima.
Lógico que peguei a direção para a capital peruana. No entanto, não escapei de
passar pelo extenso perímetro urbano de Ica. Foram mais de dez quilômetros pelo
município em um trânsito bastante movimentado. Essa área tem muitas opções de
hospedagem e também postos de combustíveis, aproveitei e parei na pretensão de
comprar água. Com a temperatura mais elevada, o “motor” consome ainda mais esse
precioso liquido, portanto, é bom não deixar faltar.
Chegada à Ica.
Plantações por todos os lados.
A incrível arte de plantar com sucesso em plena região desértica.
In foco.
Mais um pouco e chegarei na capital peruana.
Panamericana, eu pedalei por ela.
Quanto mais eu pedalava maior era
a ansiedade para encontrar o Oceano Pacífico, após Ica o ambiente praiano fica
ainda mais nítido; muito calor, areia por todos os lados na rodovia, coqueiros
no horizonte e pessoas com poucas roupas, faltava apenas o mar, nada mais. O
vento contra apareceu para garantir a maresia e deixar o avanço do pedal mais
lento por volta do meio dia. Com o esforço físico o corpo pediu mais energia e
a fome era cruel e insaciável. Além do café da manhã reforçado, havia comprado
pão e frutas na região de Ica e ainda assim continuava com fome. Vários pacotes
de bolacha não foram suficientes nem mesmo para enganar o estômago.
Esse contraste é simplesmente sensacional.
Faltava somente encontrar o Pacífico.
Na estrada!
Os quilômetros passaram e nada de
restaurante. Após Ica são poucos povoados pelo caminho. E aqueles existentes não
oferecem muita estrutura para o viajante. Sem opção, resolvi seguir sem
almoçar. Negócio foi encarar o vento de barriga “vazia” com uma e outra parada
para degustar as energéticas bolachas recheadas. Que diferença elas me fazem em
situações como esta. Acho que é mais fácil esquecer de comprar água do que sair
para pedalar sem ter uma reserva de galletas no alforje.
A Panamericana continua plana e
as poucas subidas existentes são tiradas de letra, essa é a parte boa de ter
enfrentado subidas quilométricas por meses nos Andes. Por volta das 4 horas da
tarde chego ao trevo de acesso à Paracas (12 km da rodovia principal), onde
fica a Reserva Nacional que leva o mesmo nome. Eu poderia ter parado neste
local, mas resolvi seguir para Pisco onde o guia/livro disse ser o ponto de
partida para conhecer a Reserva. Adelante.
Trevo de acesso à Paracas.
De Paracas a Pisco foram mais
quinze quilômetros que custaram a passar por causa da minha fome que continuava
e o vento contra que era arrasador. Em todo caso, o trevo para Pisco apareceu,
no entanto, ainda tive que pedalar por mais cinco quilômetros para chegar ao
centro da cidade. A surpresa foi pedalar todo esse trecho por uma ciclovia, a primeira
em território peruano. Boa iniciativa das autoridades locais.
No perímetro urbano de Pisco, ainda na Panamericana.
Ciclovia em direção ao centro de Pisco.
No centro de Pisco começo a
peregrinação em busca de hospedagem econômica, afinal, eu vou permanecer de dois
a três dias na cidade, por isso, quanto mais barato melhor. O problema foi
justamente este, achar um local com ótimo custo x benefício. No primeiro da
lista, a diária estava 25 soles, com banheiro privado e televisão a cabo, mordomias
que não faço questão de ter. Sem chance de desconto. Fui procurar outras
hospedagens e me espantei com o preço, de 30 a 50 soles, lugares simples e sem nenhum
luxo. Tive que retornar ao primeiro local, Estancia de Diego bem próximo à
Plaza de Armas.
Devidamente hospedado fui ao
centro procurar maiores informações para fazer o passeio à Reserva Nacional de
Paracas. Nas proximidades da praça principal fui abordado por um funcionário de
agência de turismo que perguntou se eu estava interessado nos passeios da
região. Respondi que apenas gostaria de algumas informações. Fomos à agência na
praça e soube tudo o que precisava. O transporte até Paracas mais o passeio,
somente à Reserva, com guia, custaria 25 soles, seria o dobro caso eu
resolvesse fazer também a visita para as Islas Ballestas, outro ponto turístico
da região.
Pensei, pensei e resolvi fazer o
passeio. Deveria estar às 07h15m da manhã seguinte para pegar o ônibus da agência
que levaria até Paracas. Como eu não faria o tour pelas Islas Ballestas, eu
teria duas horas para caminhar pela cidade (leia-se orla de Paracas) até o
pessoal voltar do passeio pelas ilhas.
O Victor, dono da agência de
turismo (Aprotur Pisco) ainda me recomendou e levou para conhecer uma hospedagem
mais barata e com wi-fi. A Pousada do Gino fica uma quadra atrás da minha atual
hospedagem. Preço da diária no quarto com banheiro privado é o mesmo, 25 soles,
contudo, o dormitório compartilhado custa apenas 15 soles e quase não tem hóspedes.
Acho que depois de expirar minha diária na Estancia Diego vou para a pousada,
vamos ver.
O pessoal da agência ainda me indicou
um restaurante para jantar, afinal eu estava morto de fome. No local meu pedido
foi o já conhecido Lomo Saltado, a
diferença é que desta vez não tinha sopa, no entanto, para compensar, o prato
estava muito caprichado, bastante arroz, carne frita com cebola e batata frita,
uma delícia. Custou 7,50 soles, um pouco mais caro que o padrão, mas valeu a
pena. Infelizmente estava sem a câmera fotográfica e não registrei essa
maravilha.
Na volta para a hospedagem eu
ainda parei em uma lanchonete para pedir uma espécie de X-Egg. Desde Nasca
bateu uma vontade de comer sanduiche. Então pela primeira vez em toda a viagem
resolvi saborear uma hamburguesa, forma como os lanches são chamados aqui.
Custou 2,50 soles e estava muito bom. Aprovado.
No hostal fui dormir por volta
das 22 horas e coloquei o celular para despertar às 5 da madrugada para não
perder de jeito nenhum o ônibus até Paracas.
O dia foi finalizado com 113,85
km em 9h30m e velocidade média de 11,97 km/h.
21/10/2012 - 105° dia - Pisco
(Folga) - Reserva Nacional de Paracas - Islas Ballestas
Oceano Pacífico! Um mês em território peruano!
Que dia inesquecível! Após cinco
anos, estou novamente diante do Oceano Pacífico. Muita, mas muita emoção mesmo.
Meu reencontro com o mar foi em grande estilo. Surpresas marcaram minha visita
à Reserva Nacional de Paracas.
Madruguei outra vez. Às cinco
horas da manhã eu já preparava meu desayuno para fazer o passeio à Paracas com
a barriga cheia. Local turístico é aquela história, qualquer coisa para comer
custo no mínimo o dobro do preço. Por isso, o melhor a fazer é ir precavido. Assim,
devorei os pães integrais que comprei na noite anterior. Aproveitei e degustei
algumas bolachas também, sem esquecer de reservar quatro pacotes para levar.
Às 7 horas da manhã eu estava na
frente da agência de turismo. Quinze minutos depois o ônibus apareceu na hora
marcada. Vários turistas já se encontravam no interior do veículo que ainda
passou em algumas hospedagens para buscar outras pessoas. No total deveria
haver vinte turistas e eu era o único que não conheceria as Islas Ballestas.
Isso me deixou com uma “pulga” atrás da orelha. Pensei que eu poderia deixar de
conhecer algo imperdível por 25 soles. Então resolvi perguntar para o guia se
ainda era possível fazer o passeio. A resposta positiva me deixou bem animado.
Neste momento, para completar minha felicidade, estávamos às margens do Oceano
Pacífico em Pisco. Que sensação maravilhosa! Difícil expressar por palavras o
que é chegar aqui após tanto tempo de viagem. É meu presente de aniversário que
acontece amanhã.
Existe um caminho costeiro que
vai de Pisco à Paracas, até então eu desconhecia esse trajeto, mas fica a dica.
O asfalto parece não estar nas melhores condições, mas acho que é tranquilo
pedalar pelo local. O trecho entre as cidades deve ser de aproximadamente 15
quilômetros.
Chegamos em Paracas às 8 horas da
manhã e seguimos direto para o porto onde as lanchas aguardam os turistas. Há
um posto de controle onde é preciso pagar 6 soles para embarcar. Já na lancha,
bastou esperar os passageiros se acomodarem, colocar o colete salva-vidas e
partir em direção às Islas Ballestas.
Primeira foto do Oceano Pacífico. Praia de Paracas.
Área de embarque para visitar às Islas Ballestas.
Região portuária de Paracas.
In foco.
In foco.
As Islas Ballestas estão há cerca
de 25 minutos da costa. Constituída por várias ilhas e suas mais diferentes
formações, o local abriga milhares de aves, leões e lobos marinhos e ainda
pinguins. A diversidade e quantidade destes animais se justificam pela riqueza de
alimentos do lugar. Neste ponto a famosa corrente de Humboldt se faz presente e
explica a preferencia animal.
Logo no começo do passeio somos
surpreendidos por golfinhos à beira da lancha. Sabe aquelas típicas cenas de
filmes onde esses maravilhosos animais acompanham os barcos. Então, foi algo
bem parecido. Os motores da lancha foram desligados em certo momento e o
silêncio tomou conta do ambiente, todos estavam em clima de suspense para
adivinhar em qual parte seria a próxima exibição dos golfinhos e a chance para
fotografa-los. Não é fácil registra-los, mas com certeza o momento ficará
guardado na memória. Que espetáculo da natureza.
Golfinhos, a primeira surpresa do passeio.
Excelente reencontro com o Oceano Pacífico.
O tempo estava bem nublado, mas
como eu pensei que a temperatura aumentaria durante o dia, acabei por não levar
casaco e passei um frio e tanto na lancha com motor de 400 HP de potência,
imaginem a velocidade. No entanto, o frio não foi nada perto das belezas que
estariam por vir.
Uma das várias lanchas em direção à Ballestas.
Curiosidades pelo caminho.
In foco.
Pelicanos peruanos a mil por hora.
In foco.
Pelo caminho encontramos o
enigmático Candelabro, mais um geoglifo famoso na região. Este, no entanto, não
é atribuído à civilização Nasca. Na verdade sua construção também segue um
mistério, existem hipóteses de que seria realizado por piratas ou pela
civilização de Paracas há centenas de anos. Em todo caso, mais um desenho
misterioso e interessante de observar.
Candelabro
Candelabro - Paracas
Minutos depois estávamos diante
das Islas Ballestas, simplesmente um dos lugares mais fantásticos desta viagem.
O local é todo protegido e não é possível desembarcar nas ilhas. Mas isso não é
nenhum problema, já que mesmo da lancha podemos observar seus vários habitantes.
Milhares e milhares de aves migratórias, que estão apenas de passagem.
Encontramos diversos pelicanos peruanos, pinguins e leões marinhos. Um
verdadeiro espetáculo da natureza. Ainda bem que resolvi fazer o passeio de
última hora, caso contrário teria deixado de conhecer essa maravilha de lugar.
Pelicanos peruanos.
Chegada às Islas Ballestas.
A diversidade nas Islas. Leão-marinho e Pinguins de Humboldt
Além da diversidade de animais, o
curioso de Ballestas são as formações das ilhas, muitas com arcos que permitem
até mesmo que a embarcação passe por baixo da estrutura, simplesmente incrível.
O passeio é imperdível, recomendo.
Islas Ballestas
Islas Ballestas
Islas Ballestas
Islas Ballestas
Islas Ballestas
Islas Ballestas
In foco.
Pinguins de Humboldt
Como as Islas Ballestas são pequenas,
o passeio não é rápido, para a felicidade geral, assim é possível observar,
ainda que dentro da lancha, boa parte da fauna do local. Em alguns momentos
somos orientados a tomar cuidado com aquilo que vem do alto. (risada sacana)
Afinal, são milhares de aves que sobrevoam a região e não seria surpresa ser
atingido por algo indesejado.
Milhares de aves.
Leões-marinhos.
Pose para fotografia.
Pelicanos.
In foco.
Área de pesquisa. Acesso bem restrito.
A rocha no formato da cabeça de uma ave. Maravilha de natureza!
De outro ângulo..
A reunião da malandragem, rs.
A galera registrando cada momento.
In foco.
Seria o mapa do Paraná?
Uma soneca para descansar.
Macho exibido com sua fêmea ao lado.
In foco.
In foco.
Islas Ballestas.
Islas Ballestas.
Pinguins de Humboldt
Pinguins de Humboldt
In foco.
In foco.
Aves por todos os lados.
Islas Ballestas
Leões-marinhos
Reserva Nacional Islas Ballestas.
A gaivota e os leões-marinhos.
Islas Ballestas
Islas Ballestas
Após a volta pelas ilhas está na
hora de regressar ao porto de Paracas. Foi mais vinte minutos de congelar o
corpo, sorte que o colete salva-vidas ajudou a proteger um pouco do vento. Mas
nada que me deixasse menos feliz pelo momento inesquecível da oportunidade
única de conhecer Ballestas.
Islas Ballestas
Até uma próxima visita. Islas Ballestas, recomendo a todos.
Chegada à Paracas.
Novamente na zona portuária.
Na volta à Paracas o grupo se
separou e muita gente ficou “perdida” já que nossos guias não estavam
presentes. Com a minha paciência andina nem me preocupei e aproveitei o momento
para registrar os pelicanos peruanos na praia. Aqui eles são vários e têm um
estilo bem peculiar, as cores e o tamanho do bico chamam a atenção. Eles fazem
a festa com a presença dos turistas que entregam comida fresca que alguns
pescadores “vendem” para aqueles que pretendem ter um registro fotográfico
alimentando o animal.
In foco.
Praia de Paracas
Praia de Paracas
Pelicanos peruanos.
Alimentação farta.
In foco.
Seduzindo, rs.
In foco.
E o medo de levar uma bicada, rs.
Resolvi voltar ao local onde o
ônibus nos deixou no começo da manhã e felizmente encontrei o nosso guia que me
informou que sairíamos em 15 minutos em direção à Reserva Nacional de Paracas.
Aproveitei esse tempo para retornar à praia e curtir mais a maresia. A orla é
bastante movimentada com vários restaurantes e bares, para variar, tudo muito
caro.
No horário combinado o ônibus saiu
em direção à Reserva que não estava tão próxima assim da área central de
Paracas. A primeira parada foi no posto de controle para entrar na Reserva,
mais 5 soles desembolsados. Depois fizemos uma pausa bem interessante no Museo
Julio C. Tello com muitas informações sobre a região.
Entrada da Reserva Nacional de Paracas.
Na sequencia nos dirigimos até a
famosa Catedral, um local que já foi mais interessante pela formação rochosa às margens do Pacífico. No entanto, com o
devastador terremoto de 2007, boa parte da estrutura que lembrava uma catedral
desabou, mas ainda assim a paisagem é muito bonita. Vale ressaltar que o
terremoto também destruiu mais de 60% da cidade de Pisco/Paracas e causou a
morte de inúmeras pessoas. O município ainda se recupera do desastre natural
mesmo após cinco anos. Estou em uma área onde a terra pode tremer a qualquer
momento. Sinistro!
Atual formação da "Catedral"
Reserva Nacional de Paracas. Encontro entre mar e deserto.
Após o terremoto de 2007 esse é atual formato da famosa "Catedral".
Catedral antes do terremoto de 2007.
Logo ao lado da Catedral existe
uma das paisagens mais marcantes da Reserva de Paracas, trata-se do fenomenal
contraste entre deserto e mar. O panorama da praia de Supay é simplesmente
magnifico. O vento no local é assustador e a temperatura, mesmo com sol a pino,
era muito baixa. Continuava a passar frio somente de camiseta.
Reserva Nacional de Paracas.
Playa de Supay ao fundo. Fascinante encontro entre o deserto e o mar. Maravilha de natureza.
In foco.
Presença garantida na Reserva Nacional de Paracas.
Nossa próxima parada foi na
Península de Paracas, um lugar onde é observar os pontos norte e sul. Depois
fomos levados à Playa Roja que tem o nome devido à cor de sua areia avermelhada
em razão dos minérios do Morro Santa Maria que fica logo ao lado. Mais um local
curioso e muito bonito da Reserva.
Península de Paracas.
Playa Roja.
Playa Roja
In foco.
Playa Roja e Morro Santa Maria ao fundo.
Nossa última parada foi na Playa
de Lagunillas, onde tivemos 1h30m para almoçar e entrar na água (os mais audaciosos,
claro!) que não estava tão gelada para o padrão “Pacífico”, o problema era o
frio fora d’agua, eu mesmo não arrisquei. Almocei na companhia das espanholas
Paula e Beatriz que estão de férias no Peru após trabalharem mais de um ano nos
Estados Unidos. Companhia excelente, conversamos e rimos bastante. A refeição,
como não poderia ser diferente, custou o dobro do normal, 15 soles no
restaurante mais barato. O menu tinha a tradicional sopa e o segundo prato era
arroz com marisco. Estava razoável.
Lagunilla.
Lagunilla.
Lagunilla.
Playa de Lagunilla.
Playa de Lagunilla.
Viva el Che.
Arroz com mariscos.
Às 15 horas, retornamos para
Paracas onde algumas pessoas desembarcaram e depois seguimos para Pisco aonde
chegamos uma hora depois. Passeio imperdível. Mais uma vez, recomendo a todos
que passarem pela região, sobretudo, uma visita para as Islas Ballestas.
Dificilmente você encontrará um lugar parecido pela América do Sul, quiçá do
mundo, sem exagero. Fica a dica.
22/10/2012 - 106° dia - Pisco
(Folga)
Feliz aniversário! Parabéns para
mim!
Mais um ano de vida, agora já são
27 anos muito bem vividos, ainda bem.
Eu até fiquei na dúvida se
passava o dia especial na estrada ou tranquilo em Pisco. Optei pela segunda
alternativa e resolvi aproveitar meu aniversário, mesmo sozinho, aqui na pacata
cidade à beira do Oceano Pacífico.
Na parte da manhã me dediquei ao
diário de bordo e quando chegou próximo ao meio dia resolvi arrumar minhas
coisas e mudar de hotel. Fui para a Pousado do Gino onde escolhi um quarto
compartilhado, contudo, fiquei sozinho já que nenhum outro hóspede apareceu, melhor
assim, maior privacidade por um menor preço, a diária custou 15 soles e a
hospedagem ainda oferece wi-fi. Assim aproveito para atualizar o site.
Na hora do almoço experimentei um
dos mais famosos pratos da gastronomia peruana; Ceviche/Cebiche, constituído basicamente
de pedaços de peixe (cru), cebola, sal, limão e pimenta. Não é ruim, mas não
agradou muito meu paladar, sem falar que não sou muito fã de comida apimentada.
Ainda assim valeu pela oportunidade em conhecer melhor a culinária local. Infelizmente não levei a câmera fotográfica e fico devendo o registro.
O Ceviche foi servido como prato
de entrada, no lugar da sopa. O segundo prato tinha arroz, salada, batata frita
e bisteca. O valor da refeição aqui em Pisco é mais caro e o almoço saiu por
7,50 soles. Mas foi uma alimentação diferente e gostosa, digna de um
aniversário. Para a sobremesa, passei em supermercado e comprei um pedaço de rocambole. Acho que mereço algo diferente, pelo menos, hoje.
No período da tarde voltei a
escrever no diário de bordo enquanto recebia os parabéns pela internet.
Obrigado a todos que lembraram da data e fizeram questão de me mandar uma
mensagem de felicidades. Valeu mesmo galera.
Esse é o primeiro aniversário
que passo no exterior e a experiência não é das melhores. Afinal a família e os
amigos estão longe e não ganhei nenhum abraço ou parabéns ao vivo e a cores.
Nessas horas a saudade bate ainda mais forte. Para ficar mais perto das pessoas
amadas, liguei para minha avó, com quem não falava a mais de quatro meses e
dela recebi as sábias e carinhosas palavras de sempre. Na sequencia telefonei para
a mãe querida, sempre é bom receber amor de mãe, mesmo à distância. Com meu pai
eu havia conversado e recebido os desejos de felicidade pelo
Skype (mais barato). Meu irmão me deixou uma mensagem na internet, simples, mas
de coração. Sei que falar com a família foi um baita presente.
De noite, para comemorar, fui à
pizzaria, mas a pizza (que seria presente do meu pai) estava muito cara e achei
melhor ir novamente à lanchonete e pedir dois lanches para degustar no quarto
da pousada. Foi mais econômico e estava bem gostoso.
Assim passei meu aniversário. Ano
passado eu estava em Florianópolis, Oceano Atlântico, hoje aqui no Pacífico, só
quero ver onde estarei no próximo ano. Em todo caso, estou feliz por criar as
oportunidades e aproveita-las ao máximo.
23/10/2012 - 107° dia - Pisco
(Folga)
Ontem eu não consegui acabar a
atualização site e por isso resolvi ficar em Pisco para finalizar essa tarefa. Às
vezes, permanecer mais um dia na cidade para realizar novas postagens e compartilhar
a viagem faz parte da expedição.
Pessoal, não hesite em deixar seus
comentários aqui no site. Meu fôlego para escrever não é o mesmo após cem dias de viagem.
Portanto, seria bom receber um incentivo para recarregar as energias e
continuar a todo vapor com o diário de bordo; relatos e fotos da viagem.
Amanhã retorno à estrada e na
quinta-feira devo chegar à Lima, capital peruana.
Aproveito a oportunidade e
agradeço aqueles que têm colaborado com a minha vaquinha virtual, ela já está
com quase 50% de arrecadação. Se você quer ajudar, basta clicar aqui!
Abraço, camaradas.
24/10/2012 - 108° dia - Pisco a
Cerro Azul
Finalmente a Victoria foi
apresentada ao Oceano Pacífico.
Antes de começar a relatar os
acontecimentos de hoje tenho que voltar à tarde de ontem. Eu mal havia
finalizado a atualização no site quando alguém bateu na porta do quarto. Na
mesma hora suspeitei que seriam novos hóspedes, afinal, o dormitório era
compartilhado. Quando fui abrir a porta, surpresa. Eram três holandesas,
cicloturistas. Quase não acreditei, mas era verdade.
As holandesas desembarcaram em
Lima onde ficaram algum tempo e depois pegaram um ônibus até Paracas e
finalmente começaram a viagem de bicicleta pela Reserva Nacional de Paracas,
seguiram para Pisco e acabaram no quarto onde eu estava hospedado. Fiquei muito
bem acompanhado, diga-se de passagem. (risada sacana!)
Como não poderia ser diferente,
as três amigas de Amsterdã seguem à Cusco para conhecer Machu Picchu via Inca
Trail, depois Copacabana, La Paz, Uyuni e Sucre (Bolívia). Na sequencia descem
para a Argentina. Logo, passei todas as informações disponíveis a respeito do
trajeto da região que é basicamente a mesma pela qual pedalei.
Conversamos bastante e recebi
algumas dicas sobre Lima. Infelizmente as notícias sobre a capital peruana não
foram as melhores. Não é a primeira vez que ouço relatos de cicloturistas que
não gostaram da cidade em razão da grandiosidade urbana, seu trânsito caótico e
a terrível poluição. É quase a mesma descrição que eu tinha sobre La Paz, no
entanto, a realidade da “capital” boliviana foi bem diferente quando tive a
oportunidade de conhecê-la pessoalmente. Desse modo, após visitar Lima, ao vivo
e a cores, poderei ter minhas próprias conclusões que certamente serão compartilhadas
aqui no diário de bordo.
Acabei por ganhar um presente das
holandesas, algo que certamente me ajudará muito. Não sei exatamente como se
chama, mas é um “corta-vento” para fogareiro, excelente para ser utilizado em
lugares abertos, sobretudo, quando a ventania estiver presente. É uma peça bem
prática e leve, perfeita para levar na bagagem. Claro que não deixei de
agradecer.
Não demorou muito e o quarto
estava virado de ponta cabeça, alforjes para todos os lados, capacetes, roupas,
toalhas e tudo que você pode imaginar na bagagem de um(a) viajante sobre duas
rodas. Em todo caso, não me importei, o clima estava bem legal, sobretudo, as
conversas empolgadas a respeito da região. Também foi interessante saber a(s)
história(s) delas: trabalharam muito por quase um ano em um restaurante na
capital holandesa e agora tem tempo indeterminado de “férias” aqui na América
do Sul. Assim elas investem suas economias. Viajam e conhecem o mundo.
Felizmente não tenho feito algo muito diferente nos últimos anos.
Durante a noite de ontem
resolvemos sair para jantar. Elas também são econômicas e não se importaram de
fazer a refeição no restaurante simples que eu recomendei. No local foi
engraçado ver a mulherada devorando a comida. Disseram que há dias não se
alimentavam direito. Eu compreendia muito bem todo aquele “desespero” para
comer, lembrei-me de quando cheguei à Oruro (Bolívia), faminto, após passar o
dia à base de banana, pão e água. (Episódio da ajuda recebida pela Heide,
aposto que vocês lembram).
O jantar foi o famoso Lomo Saltado com carne, cebola, batata
frita e arroz, uma delícia. Após a refeição as meninas queriam de qualquer
forma tomar cerveja. Perguntaram-me sobre a indicação de algum lugar, mas eu
desconhecia totalmente. Nos restaurantes mais econômicos dificilmente eles
vendem cerveja, pelo menos eu não me recordo de ver bebida alcoólica sobre as
mesas. Em todo caso, começamos a busca por algum estabelecimento com cerveja
peruana. Caminhamos bastante e finalmente encontramos um restaurante mais
sofisticado onde elas fizeram o pedido da esperada bebida. Para acompanhar,
solicitei um suco de abacaxi, que por sua vez, estava muito bom.
Conversamos, rimos um monte e
depois retornamos à pousada. Já passava das dez horas da noite e todo mundo
estava embriagado de sono. Assim que chegamos cada um capotou em sua cama,
afinal, no dia seguinte pedalaríamos logo nas primeiras horas da manhã.
A noite foi bem tranquila. Hoje,
exatamente às 5 horas da manhã o despertador do meu celular tocou e na
sequencia me levantei e comecei a arrumar minhas coisas em silêncio já que as
holandesas ainda dormiam. Levei toda a bagagem para o térreo, onde estava a
Victoria e as outras bicicletas. Aproveitei uma mesa no local e preparei meu
desayuno com pão, geléia e suco. Infelizmente descartei o leche evaporada das minhas refeições em razão das temperaturas mais
elevadas. Não quero passar mal (de novo) por causa de um leite estragado.
Enquanto eu tomava o café da
manhã as meninas começaram a acordar e logo em seguida a arrumarem suas coisas
para seguirem para Ica e posteriormente Nasca. Eu já estava adiantado e assim
que terminei minha refeição, despedi-me das simpáticas cicloturistas e às 7
horas da manhã deixava a Posada Gino em direção à Rodovia Panamericana, sentido
à Lima.
Cicloturistas pela América do Sul.
O tempo estava bem fechado e a
temperatura baixa me fez sair com a segunda-pele. Não pensei que choveria
porque na região é bem comum o dia começar nublado e melhorar com o passar das
horas.
Demorei cinco quilômetros para
chegar novamente à Panamericana. No trevo de Pisco o trânsito estava bem
movimentado, uma verdadeira loucura. Incrível como logo cedo as buzinas já ecoam
por todos os lados. Haja paciência! Na estrada uma surpresa não muito
agradável. O acostamento não está em sua melhor condição e diferente dos dias
anteriores, existe a presença de buracos, pedras e areia por alguns quilômetros.
Para variar, o fluxo de veículos na rodovia era grande e por isso a situação
exigia muita cautela.
Existem vários povoados pequenos
pelo caminho, muitos são apenas vilas de distritos, contudo, a produção de
frutas continua como uma das principais fontes de renda dos moradores. Muitos
hectares dedicados ao cultivo das mais diferentes frutas são encontrados até à
cidade de Chincha, uma das maiores da região. Seu perímetro urbano é bem
extenso e movimentado. Atenção redobrada na estrada.
Chegada à Chincha. Sim, esse é o nome da cidade, rs.
Trabalhadores em direção à colheita da alcachofra.
Alcachofra na região de Chincha.
Alcachofra.
Em Chincha resolvi fazer algo
pela primeira vez na viagem, calibrar os pneus em um posto de combustível. Não
deveria ter tomado essa decisão. Não há calibrador digital e assim os pneus
foram cheios até eu perceber (manualmente) que estava bom. No pneu dianteiro
(Pirelli) foi tudo tranquilo. Mas quando chegou a hora do Kenda, uma
desagradável surpresa. Parte do pneu saiu do aro e a câmara de ar começou a
aparecer. Com isso a roda travou e tive que desapertar o V-Brake. Pedalei
poucos metros para ver como o pneu se comportava e repentinamente um baita
estouro. Minha câmera de ar foi para o espaço.
Parei na frente de um
estabelecimento fechado e comecei a tirar todos os alforjes (algo que é sempre
trabalhoso) para virar a bicicleta e poder sacar a roda traseira. Felizmente
não demorei muito e logo a câmara estava trocada e o pneu bem encaixado e cheio
com a minha bomba de ar para evitar novas surpresas.
Terminei o conserto já era quase
meio dia e mal tinha completado cinquenta quilômetros, pensei em almoçar, todavia,
resolvi esperar um pouco mais e segui em frente. O acostamento continuava sem o
padrão excelente dos dias anteriores. Minha torcida era para não furar mais
nenhum pneu, duas trocas no mesmo dia é demais para um ciclista.
Sei que após muito sacrifício
finalmente consegui sair da conturbada Chincha, quando isso aconteceu
aproveitei um restaurante paralelo a um posto de combustível na beira da
rodovia e parei na pretensão de almoçar. Eu era o segundo cliente e apesar do
horário, tive que escutar o atendente dizer que a refeição ficaria pronta em 10
minutos. Tudo bem, esperei. Entretanto, esses dez minutos foram quase meia
hora. Haja paciência!
Depois de muita espera a sopa apareceu
e foi degustada com calma. Após “limpar” o prato tive que aguardar mais meia
hora para receber a segunda parte da refeição (arroz, salada e peixe). E isso
só aconteceu porque reclamei da demora, afinal, estava quase uma hora no local
que a essa altura encontrava-se lotado. Paciência tem limite.
Enquanto aguardava o segundo
prato, vejo um cicloturista pedalando na Panamericana em direção à Lima, pensei
em chama-lo, mas acabei sem fazer nada porque rapidamente sumiu no horizonte.
Seria interessante trocar algumas palavras e quem sabe poder pedalar junto. Em
todo caso, ele seguiu pela rodovia e eu esperei meu prato que com muito custou
chegou à mesa. A comida estava boa e custou 6 soles, mas em razão da demora demasiada,
não recomendo.
Almocei e logo em seguida voltei
a pedalar, havia perdido um tempo precioso no restaurante. Assim que regressei
à estrada tive a surpreendente paisagem do oceano no horizonte que não estava
distante. Neste momento apresentei a minha companheira Victoria ao Pacífico,
afinal em 2008 no Chile eu estava com a Magrela Guerreira (primeira bicicleta
utilizada no cicloturismo). Com as devidas apresentações e registros
fotográficos realizados, avante.
Pedalando ao lado do mar.
A Victoria finalmente conheceu o Oceano Pacífico.
Logo após reencontrar o mar e com
50 quilômetros pedalados surge a autopista e finalmente a Panamericana Sul se
torna duplicada e o trânsito consegue fluir com mais tranquilidade. O
acostamento volta a ficar em excelente estado e com um tamanho fora do comum.
Melhor assim, segurança garantida.
Cada vez falta menos para chegar na capital.
Chegar ao Oceano Pacífico
pedalando, pela segunda vez, é uma emoção indescritível. Muitas coisas passam
pela cabeça. Afinal foram quase 6 mil quilômetros de muito esforço para chegar
aqui. Comemorei sozinho. Quer dizer, a Victoria acompanhou meu momento de
loucura vibrante.
Yo e o Pacífico.
Registro garantido na Panamericana Sul.
Oceano Pacífico e a Panamericana.
Essa região inicial da autopista é
caracterizada por uma peculiaridade, a avicultura. As criações de galinhas estão
espalhadas entre a Panamericana e o Oceano Pacífico, algo que deixa a paisagem
e o ambiente no mínimo curioso e com um cheiro que lembra algumas partes do
oeste paranaense.
Aviários ao lado do mar.
Após o início da pista duplicada foram
dez quilômetros em um trecho plano antes de começarem as subidas, que por sua
vez, não chegam a ser aterrorizantes. Na sequencia voltou a ficar “pampa” e
bastou pedalar e observar o Pacífico e as várias plantações pelo caminho,
milho, frutas, alho, verduras e mais uma variedade de produtos.
Plantações pelo caminho.
A simplicidade extrema das casas na região do povoado Treból del Pacifico.
In foco.
Na direção correta.
Yo e a minha companheira fiel.
Plantações e aviários às margens da rodovia.
In foco.
Cultivo de alho.
In foco.
O vento estava presente na parte
da tarde, mas hoje não era tão forte como nos dias anteriores, isso aliviou
bastante e o pedal seguiu tranquilo sem maiores problemas. Resolvi encerrar o
dia com cem quilômetros pedalados. Isso aconteceu por volta das 17 horas.
Aproveitei o distrito de Cerro Azul pelo caminho e decidi conferir as
hospedagens. Logo na avenida principal, próximo da praça, encontrei a Hospedaje
Las Gaivotas. Para minha surpresa, a diária custou apenas 15 soles. Com o preço
baixo nem precisei olhar o quarto para decidir ficar. Porém, quando fui ao
dormitório tive outra surpresa, banheiro privado, televisão a cabo e tudo bem
organizado, limpo e novo.
Autopista e a perseguição contra os ciclistas.
Devidamente alojado, fui tomar um
banho e a surpresa desta vez não foi boa, não havia água quente, tive que
encarar uma ducha gelada mesmo. Mas nem reclamei, afinal, eu acabara de
completar com sucesso mais um dia de pedal, estava bem hospedado, ainda era
relativamente cedo e de qualquer forma eu ficaria limpo.
Após o banho fui procurar um
restaurante para jantar. Agora, sempre que possível, faço as três refeições,
café da manhã, almoço e janta. Não sei qual é meu peso atual, mas acho que pelo
menos eu parei de emagrecer e isso é um ótimo sinal. Achei um local que servia
a “cena” por 8,50 soles pelo “Lomo
Saltado”, uma das opções do menu. Não estava barato, mas em compensação, bem
saboroso.
Comprei pão em uma mercearia,
voltei para a hospedagem e comecei a escrever o diário de bordo. Agora, com a
finalização de mais um relato, vou escovar os dentes e dormir. Amanhã quero
fazer mais cem quilômetros e na sexta-feira completar o restante para chegar à
Lima na parte da manhã.
Hoje o dia foi finalizado com
106,77 km em 7h20m e velocidade média de 14,55 km/h.
25/10/2012 - 109° dia - Cerro
Azul a Lima
Dia de fortes emoções.
Nos últimos tempos eu tenho
acordado naturalmente por volta das 5 horas da manhã, portanto, achei que hoje
meu corpo continuaria a seguir seu relógio biológico e então não ativei o
despertador do celular, afinal, não precisava levantar cedo, uma vez que a
distância a percorrer seria apenas de cem quilômetros.
Com todo esse contexto mencionado
acima, acordei somente às 6h30m e fiquei surpreso pelo horário tardio, não pretendia
dormir tanto, porém, estava bem disposto para encarar outro dia de pedal na
Panamericana.
Assim que levantei fui logo
arrumar minhas coisas e por último, tomar meu café da manhã que agora é geralmente
pão com geléia e suco. Tem sido uma boa combinação, embora eu sinta falta do
leite com chocolate, mas na ausência deste, contento-me com o que tenho à
disposição, melhor que passar fome. Vários foram os dias que iniciei o pedal
apenas com bolachas recheadas, logo, não ouso reclamar.
Fui para a estrada já era quase 8
horas da manhã, dificilmente começo a pedalar neste horário, mas a distância
hoje não seria das maiores já que eu havia planejado chegar à Lima somente na
manhã do dia seguinte por questões de segurança.
Diferente de ontem, o tempo não
estava nublado e o sol aparecia forte desde as primeiras horas da manhã,
consequentemente a temperatura já elevada me obrigou a tirar a segunda pele nos
primeiros quilômetros. O trajeto após Cerro Azul foi tranquilo somente nos
cinco quilômetros iniciais, depois surgiu uma série de sobe e desce que fez o
corpo transpirar mais do que o normal. Acho que esse trecho durou aproximadamente
mais 25 km.
A Rodovia Panamericana continua
movimentada, sobretudo, com a presença demasiada de ônibus e caminhões, estes
últimos, por exemplo, muitas vezes são acompanhados por batedores em razão das
enormes cargas transportadas, algumas delas, no mínimo, curiosas, como pneus de
tamanho nada comum e certamente destinados à mineração.
Cargas largas pelo caminho.
Da série: Coisas que a gente vê pelo caminho.
Ainda neste sobe e desce dos
primeiros quilômetros surge novamente o Oceano Pacífico no horizonte, por vezes
ele desaparece em razão das montanhas de areia que escondem o infinito azul do
mar e transformam a paisagem que volta a ser toda desértica. Mesmo com muita
areia e poucas árvores, vários povoados são encontrados pelo caminho. Acredito
que a qualidade de vida destas pessoas não seja das melhores. Habitações
extremamente pequenas e muito provavelmente sem energia elétrica e água
encanada. Um cenário bem parecido com aquele encontrado ontem nas proximidades
da vila Trébol del Pacifico. Infelizmente é a realidade local.
Pacífico.
Panamericana sem a visão do mar.
Lixão à ceu aberto. Vergonha!
In foco.
A região dos distritos de Ásia e
Mala é bastante movimentada às margens da Panamericana. Cogitei almoçar em
Mala, mas ainda era cedo e resolvi avançar um pouco mais. No entanto, não
encontrei nenhum restaurante nos quilômetros posteriores, em compensação, a
paisagem se encarregou de me apresentar uma belíssima formação rochosa ao lado
do oceano. Coisa linda de ver.
Ásia.
Formação curiosa em Mala.
No velocímetro o relógio marcava
meio dia e meu estômago já mandava um alerta que precisava de comida. Fiquei na
esperança de encontrar um restaurante, mas os estabelecimentos encontrados
vendiam apenas torresmo. Paciência e avante!
Eu continuava a me surpreender
pelo caminho. A cena inusitada desta vez foi por conta de uma área destinada à
plantação de roseiras. Na hora que passei pelo local, trabalhadores faziam a
colheita das rosas que independente do seu destino, certamente despertará
grandes emoções em muitas pessoas. Claro que registrei o momento, afinal, foi a
primeira vez que encontrei algo deste tipo em toda minha vida.
Plantação de roseiras.
In foco.
In foco.
In foco.
Continue em frente e por volta
das 13h30m na cidade de Chilca, finalmente achei um restaurante à beira da
estrada. Para variar, a refeição não é barata, parece-me que quanto mais para o
norte eu vou, maior é o preço da alimentação, infelizmente. O almoço aqui me
custou 8 soles, menu tradicional. No segundo prato: arroz, batata, um pouco de
salada e peixe frito. Estava bom, tenho que admitir. No final ainda ganhei uma
jarra de suco de maracujá bem gelado, uma delícia.
Às 14 horas voltei para estrada,
já havia pedalado 70 quilômetros e pelas minhas contas restavam somente mais 30
para encerrar a pedalada em algum povoado às margens do Pacífico. Tudo indicava
que meu pernoite seria em Punta Negra, mas cheguei ao local muito cedo, acho
que passava um pouco das três horas da tarde e eu não havia atingido nem mesmo
100 quilômetros. O povoado também não me chamou atenção e resolvi tomar uma
decisão ousada, seguir para Lima.
Rider presente em território peruano.
E.T
Pedágio na região de Punta Negra.
Colheita de cebola.
A capital peruana estava há quase
50 quilômetros de Punta Negra e então comecei a fazer mais cálculos para saber a
possibilidade de chegar ainda com claridade na cidade. Mesmo com a pedalada em
um ritmo razoável, na casa dos 20 km/h, eu teria que enfrentar dois obstáculos:
a escuridão e o horário de maior movimento no caótico trânsito de Lima, um dos
mais conturbados da América do Sul.
O que fazer diante do assustador
cenário que me aguardava nas ruas da capital? Manter e calma e seguir em frente
com muita atenção. Avançava sem maiores dificuldades. Na beira da estrada havia
uma marcação decrescente da quilometragem, deduzi que seria a distância
restante para chegar à Lima. Deste modo, continuava o pedal em um ritmo bem
maior do que estou acostumado. Na verdade, meu maior receio era com a
escuridão. Não queria pedalar muito de noite pela ausência da minha lanterna
traseira, quebrada antes de chegar à Nasca.
Conforme a quilometragem aumenta
no velocímetro, maior é o fluxo de veículos pela região metropolitana de Lima.
A autopista que havia duas vias em cada lado da estrada passou a ter três e não
demorou muito, quatro faixas para suportar o trânsito. Eu seguia tranquilo e em
segurança pelo acostamento até começarem as perigosas entradas/saídas da
Panamericana. Nestas ocasiões termina o acostamento e qualquer ciclista se vê
totalmente desprotegido com veículos em alta velocidade por todos os lados.
Mantive a paciência e utilizei toda minha experiência para superar a situação.
Região Metropolitana de Lima.
Trânsito cada vez mais "pesado".
E o acostamento sumiu!
Entre os veículos eu sinalizava
com os braços, minha passagem, mudança de faixa ou volta para o acostamento. Na
maioria das vezes os motoristas respeitavam e diminuíam a velocidade para meu
avanço. Uma vez ou outra eu era obrigado a esperar uma brecha para realizar
alguma travessia mais arriscada. Com aquela antiga frase; sorrir para não chorar, eu dava risada em meio ao caos sempre que
algum carro, ônibus ou caminhão tirava uma fina da Victoria. Comemorava sozinho
quando passava por uma situação mais tensa.
No ápice da hora do “rush”, o
cenário na Panamericana era realmente assustador. Eu procurava manter a calma,
mas não conseguia mais rir da situação que ficou extremamente tensa para um
ciclista. Quando percebi estava diante de um trânsito bem parecido com aquele
de São Paulo. Pelo caminho, eu perguntava constantemente para pedestres e
motoristas sobre a direção correta para o centro de Lima. A informação que eu
recebia era para continuar na Panamericana e seguir até o distrito de Acho onde
deveria pegar a Avenida Abancay para chegar ao meu destino.
Aquela distância decrescente à
beira da rodovia estava relacionada ao final da Panamericana Sul e consequentemente
com o começo da parte Norte por onde pedalei mais de cinco quilômetros antes de
chegar ao trevo de Acho. Já estava totalmente escuro e confiava nas faixas
refletivas do alforje traseiro para ser visualizado pelos veículos, sobretudo,
nas entradas e saídas que apareciam frequentemente pelo caminho.
Uma das maiores dificuldades era
passar pelas paradas de ônibus, onde não raramente a bagunça é generalizada,
principalmente por causa das vans que disputam espaço e passageiros com os
ônibus. Nestes locais eu tinha que ficar espremido entre os veículos até
desafogar o trânsito. Não havia muita alternativa.
Manter a calma é fundamental para
não cometer pequenos erros que podem ocasionar em grandes problemas. Apesar de
todo o caos, mantive o controle para avançar com uma relativa segurança.
Ciclista e motorista não são adivinhas, portanto, sempre sinalizava minha
passagem que era respeitada em meio de milhares de veículos.
Finalmente cheguei ao trevo de
Acho e consegui sair da Panamericana. Claro que eu tive que perguntar dezenas
de vezes sobre o caminho correto, pegar uma direção errada a essa altura seria
um erro gravíssimo. Quando não aparecia pedestre eu pedia informação aos
motoristas parados pelo trânsito congestionado. Fui sempre bem informado na
medida do possível.
Após a saída da Panamericana eu
já estava na Avenida Abancay, não menos movimentada do que a rodovia anterior.
Mas por sorte eu não precisei pedalar muito por ela e logo estava na região do
Centro Histórico de Lima. Como eu não havia cogitado chegar hoje na capital,
não tinha idéia de onde ficaria hospedado. Em todo caso, pedi informação sobre
como chegar à Plaza de Armas, a principal da cidade. Fui em sua direção e não
encontrei hospedagem barata pelas movimentadas ruas e avenidas. O que fazer?
Resolvi parar e recorrer ao meu
guia/livro. A hospedagem mais econômica indicada pelo guia custava 28 soles, maior
valor em território peruano até o momento. Sem muita opção, fui procurar o
local que se ficava próximo à Plaza San Martin, que por sua vez, não era muito
perto de onde eu estava. Novamente, pergunto dezenas de vezes para encontrar a
tal praça. Sigo por algumas ruas estreitas, porém não menos movimentadas e pelo
seu tamanho tenho que me espremer ainda mais entre os carros.
Na Plaza San Martin (referência
que eu tinha) pergunto sobre como chegar na Avenida Nicolás de Pierola, local
onde ficava a Pensión Familia Rodriguez. Para a minha felicidade achei
facilmente a hospedagem (às 20h00m), mas somente por causa da numeração, não há letreiros
ou qualquer coisa parecida. Agora eu tinha que torcer para ter uma cama
disponível. No guia dizia que o lugar era bastante agradável e limpo, ambiente
familiar, mas tinha apenas 4 dormitórios. Fiquei na expectativa.
A pensão fica no primeiro andar
de um dos prédios históricos da avenida. Com a porta principal aberta, entrei e
pelas escadas fui em direção ao apartamento. Toquei a campainha e esperei
alguém me atender. Uma senhora apareceu e disse que havia apenas dormitórios
compartilhados e o preço da diária era de 30 soles. Quando perguntei onde
poderia deixar a bicicleta surgiu a dúvida cruel. A senhora pediu para eu descarregar
e subir minha bagagem que logo depois o proprietário chegaria ao local e diria
onde eu poderia deixar a bicicleta em segurança.
Fui obrigado a tirar todos os
alforjes. E para a minha surpresa, quando levei a última bagagem para o quarto,
a senhora pediu para subir a bicicleta também. Não entendi a mudança repentina
de decisão, mas definitivamente era melhor do que deixar, ainda que trancada,
no saguão do prédio.
Na pensão deixei a Victoria em um
corredor ao lado do quarto, este, por sua vez, tinha mais três hóspedes, um
japonês, um cubano e um belga. Cumprimentei o pessoal, deixei minhas coisas na
cama e fui direto para o banho. O banheiro é realmente bem limpo e com água
quente disponível. Que maravilha!
Na hospedagem há ainda wi-fi e
café da manhã disponível. Logo, apesar do preço, vale a pena já que economizo
com a refeição matinal e aproveito a internet para realizar a atualização do site
sem precisar gastar com lan house. A senhora Margarita que me atendeu
inicialmente, entregou-me um mapa do centro da cidade com suas principais
atrações e informou onde havia restaurantes e supermercados. Atendimento de
primeira. Gostei!
Questionei à dona Margarita sobre
a existência de bicicletaria nas redondezas, ela pensou, pensou e não soube me
responder, mas pediu para aguardar o proprietário, o senhor Rodriguez, que
provavelmente saberia me indicar um local. Eu precisava trocar os raios da roda
traseira e também a corrente que aguentaria mais seis mil quilômetros, contudo,
o pessoal da bicicletaria do Lírio em Marechal C. Rondon me recomendou troca-la
para fazer o restante do grupo aguentar mais do que 15 mil quilômetros, marca alcançada
pelo meu antigo grupo Alivio.
Eu estava com fome e após tomar
banho fui procurar um lugar para jantar. No prédio ao lado há um restaurante
onde a janta saiu por 7,50 soles. A média do preço da refeição nesta região do
país. Cardápio parecido com aquele do almoço, filé de peixe. Estava muito bom.
De volta à hospedagem, encontrei
o proprietário e perguntei sobre as bicicletarias da região. Ele não lembrou de
nenhuma, mas prometeu informar-se melhor e me dar uma resposta na manhã
seguinte. Desse modo, fui ao quarto para finalmente descansar, o dia foi
extremamente longo.
Dia finalizado com 147,39 km em 9h25m e velocidade média de 15,62 km/h.
26/10/2012 - 110° dia - Lima
(Folga)
Dia dedicado a conhecer o centro
histórico da capital peruana.
Também aproveitei para trocar
algumas peças da Victoria.
Noite tranquila. Acho que aos
poucos consigo lidar melhor com essa situação de compartilhar o dormitório com
mais pessoas. Desta vez não tenho nenhuma queixa com roncos e/ou conversas durante
a madrugada. Realmente ocorreu tudo bem.
Acordei às 6h30m e fiquei na cama.
O corpo estava um pouco cansado, afinal, o dia de ontem não foi fácil. Uma hora
depois o desayuno começou a ser servido na copa da pensão. Dois pães franceses,
geléia e margarina. Para acompanhar, suco natural de mamão e chá. Um café da
manhã bastante caprichado. Aprovado.
No quarto eu verificava meu
e-mail quando o senhor Rodriguez me chamou e no mapa da região apontou onde eu
poderia encontrar as bicicletarias para fazer a reposição das peças. Agradeci pela
atenção e na sequencia fui conferir se o local realmente realizava o serviço
que eu desejava. Saí a pé e sem a Victoria, o lugar não ficava muito longe da
pensão caso eu tivesse que voltar para buscar minha companheira.
Com o mapa em mãos, encontrei facilmente
o lugar recomendado, na verdade trata-se de uma enorme área destinada somente
para lojas e oficinas de bicicleta. Lugar que todo ciclista gosta de estar,
mesmo que seja apenas para observar as novidades do mundo do pedal. No entanto,
meu objetivo era outro, primeiramente arrumar um lugar para trocar os raios.
Felizmente aqui são várias as opções e combinei com um mecânico para realizar o
serviço na Victoria. Em outra loja verifiquei o preço da corrente e fiquei na
dúvida se realmente fazia a troca ou esperava mais um pouco, afinal custava 35
soles. Procurei pelo pneu Pirelli, mas não encontrei em nenhum lugar. Fiquei
tentado a comprar um par de Kenda 1.75, por 40 soles, mas achei muito dinheiro
e resolvi esperar os pneus atuais ficarem mais gastos.
Mercadão das bicicletas.
Oficinas.
Voltei à hospedagem, peguei a
minha companheira e retornei à bicicletaria na Avenida Emancipación. O mecânico
com quem havia combinado o serviço estava ocupado e delegou o trabalho ao
mecânico Luiz de uma oficina ao lado. Achei legal esse companheirismo, em outro
lugar o atendente pegaria o serviço mesmo que entregasse horas mais tarde.
A Victoria ficaria pronta em uma
hora. Aproveitei esse tempo para almoçar. No galpão onde as bicicletarias estão
instaladas também existe um restaurante. Fiz a refeição neste local por 6
soles. Sopa e pescado no segundo prato, comida simples, mas gostosa.
Um marisco perdido na sopa, rs.
Após o almoço fui ver se a
bicicleta estava pronta, mas ainda faltava centrar a roda. Aproveitei o tempo
livre para andar mais um pouco pelo local. Encontrei uma lanterna traseira por
8 soles, achei melhor comprar uma nova e garantir maior segurança em um
possível pedal noturno. O suporte da minha antiga lanterna está quebrado e a
cola para fazer a gambiarra custa 5 soles, por isso achei melhor adquirir um
produto novo.
Na oficina o Luiz termina de
centrar a roda traseira, faz a troca da corrente e me avisa que eu teria
problemas com algumas marchas porque a catraca estava bem gasta em determinadas
partes. Então aproveitei a ocasião e com muita dor no coração, desembolsei mais
40 soles e comprei uma peça nova que logo substituiu a antiga. Pelo menos a
Victoria está novamente preparada para encarar mais um bom trecho de estrada. A
mão de obra custou 12 soles. Toda a brincadeira me saiu por 95 soles,
equivalente a 80 reais. Espero ter sido um bom investimento.
Voltei para a pensão, guardei a
bicicleta e logo em seguida retornei às ruas para conhecer melhor o centro da
cidade. Lima é enorme e com todas as características de uma capital. Muitos
carros, milhares de pessoas e as mais variadas lojas por todas as partes. Também
têm suas particularidades, a região do centro histórico tem uma arquitetura que
é herança dos espanhóis. Os prédios coloniais são belíssimos e muito bem
preservados e sem dúvidas encantam aqueles que gostam e admiram construções
antigas.
Como estou hospedado no centro
histórico, não precisei caminhar muito para chegar à Plaza San Martin e na
sequencia andar pelo extenso calçadão Jirón de la Unión que segue para a Plaza
de Armas. Muitas lojas, restaurantes, cassinos, hotéis, e tudo o que você
imaginar é possível encontrar nesta parte da cidade. Infelizmente aqui também
existem as drogas. Por mais de uma vez me ofereceram a tal “marijuana” durante
a caminhada pelo calçadão. Às vezes a abordagem começa com a simples oferta de
algum serviço e na sequencia perguntam se você procura a droga. Quando
descobriam que eu era brasileiro, faziam questão de mencionar a palavra maconha.
Mas não adiantava nada exibir tamanho “conhecimento” a respeito do idioma, uma
vez que eu seguia sem conceder atenção quando sabia do que se tratava.
Avenida Nicolas de Pierola. Foto tirada na sacada da pensão.
Av. Nicolas de Pierola. Centro histórico de Lima.
Plaza San Martin.
Plaza San Martin.
Calçadão Jirón de la Unión
Calçadão Jirón de la Unión
Calçadão Jirón de la Unión
Ônibus articulado em via exclusiva para sua passagem.
Plaza de Armas. Aqui aconteceu a
fundação de Lima em 1535, pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro. Sem
dúvidas um lugar charmoso, seja em razão da praça extremamente bem cuidada ou
pelos prédios históricos ao seu redor. Encontram-se no local o Palácio do
Governo, Prefeitura de Lima e a Catedral, ambos com seus belos traços arquitetônicos.
Catedral
Palácio do Governo
Prefeitura de Lima
Plaza de Armas
Plaza de Armas
Registro na Plaza de Armas.
Na praça há alguns serviços
oferecidos exclusivamente para os turistas, uma das opções é o "Trem de Lima" que
faz um passeio de 20 minutos pelo centro histórico ao preço de 5 soles. Achei
mais conveniente caminhar pelas ruas e não embarquei no veículo. Existe também
uma opção mais excêntrica, realizar a volta pela Plaza de Armas em uma carruagem
puxada por um diferente e bonito cavalo francês ao preço de 4 soles. Acredite,
tem pessoas que fazem o passeio.
Trem de Lima
In foco.
Passeio em carruagem. Que tal?
In foco.
De modo geral, gostei muito de Lima,
tem um estilo parecido com São Paulo e Santiago, no entanto, se equipara à
capital chilena no que diz respeito à “limpeza” de seu centro histórico, onde
as construções estão bem preservadas e dificilmente há pichações nos prédios
antigos. A limpeza pelas ruas e calçadões é algo que também se destaca. O ponto
negativo sem dúvida é a poluição. O céu aqui é frequentemente cinzento e com
certeza respirar por essas bandas não deve ser muito saudável. Não poderia ser
diferente, o trânsito aqui é repleto de veículos por todos os lados. O barulho
das buzinas não raramente está relacionado com os taxistas que a todo instante
buscam por passageiros.
Na frente do Palácio do Governo,
tive a oportunidade de presenciar a troca de guardas. Assim como muitas outras
pessoas, também registrei o momento. Policiais fazem a segurança na parte de
fora do Palácio, contudo, são bem acessíveis e, inclusive, vi uma cena rara, um
policial perguntava-nos se havia alguma dúvida sobre o prédio e suas
atividades. Atitude que surpreendeu a mim e as turistas da Europa que estavam
do meu lado.
Troca de guardas no Palácio do Governo.
In foco.
In foco.
Transição
Ficam 1h30m nesta posição.
Após um período na Plaza de
Armas, fui caminhar às margens do Rio Rímac que fica atrás do Palácio do
Governo. Há um calçadão no local que muito me agradou. Aqui existe artesanato e
vendedoras ambulantes que vendem guloseimas em seus carrinhos padronizados.
Resolvi provar o famoso arroz con leche e
mazamorra morada. É o nosso conhecido arroz doce, mas com pedaços de maça
em uma espécie de geléia. Um pequeno prato custou 2 soles. É bem gostoso.
Carrinho de Mazamorra Morada
Arroz dulce con Mazamorra Morada
In foco.
Construções antigas.
O que mais me chamou atenção neste
calçadão atrás do Palácio do Governo foi o espaço construído para os artistas
de ruas. Achei uma idéia excelente. O local conta com uma pequena arquibancada
e ainda oferece tomadas para que os
artistas possam fazer uso de equipamentos sonoros. Não diferente de outras cidades,
aqui o público também para e prestigia aqueles que utilizam a arte para ganhar
a vida.
Espaço exclusivo para artistas de rua.
In foco.
Público prestígia o artista.
Agradecimento.
Ao lado deste calçadão é possível
ver a imensa construção de um túnel que vai passar por baixo do Rio Rímac. Para
realizar a obra, simplesmente mudaram o curso do rio em uma manobra um tanto
curiosa. Pelas placas no local, as obras vão desafogar o trânsito em várias
regiões e encurtar o período entre determinadas localidades.
Obras!
Rio Rímac e a construção do túnel.
In foco.
Das margens do Rímac também
visualiza-se o Cerro San Cristóbal, um dos pontos turísticos da capital.
Visitas são realizadas ao topo para poder ter um panorama da cidade. Eu preferi
continuar minha caminhada pela região central. Ainda nas proximidades do
Palácio do Governo, ouço alguém falar história!
Olhei para trás e era um dos policias que fazem a segurança do prédio.
Perguntou-me se eu era professor e então começamos uma longa conversa após seu
interesse na minha viagem. Ele ficou bem surpreso ao saber detalhes da
expedição. Aliás, poucas são as pessoas que tem uma reação diferente ao ter
maiores conhecimentos do projeto Cicloturismo Selvagem: Pedal pela América
Latina.
Cerro San Cristóbal
Pelo calçadão Jirón de la Unión
me pesei pela segunda vez no dia. A primeira foi na parte da manhã em uma
balança Made in China que estava na calçada (Av. Emancipación) onde uma mulher
cobrava 20 centavos para eu ter conhecimento do peso. Aliás, tive uma desagradável
surpresa, por esse equipamento estou cinco quilos mais magro. Por isso de tarde
fui verificar o peso novamente, agora em uma máquina toda estranha que havia
numa galeria no Jirón. Através dela estou apenas 3,5 kg abaixo do peso que
comecei a viagem. Qual balança está certa eu não sei, mas de qualquer forma o
jeito é me alimentar bem.
Pelas ruas do centro histórico.
No meu retorno à pousada
aproveitei para jantar. Ainda não era nem 18 horas, mas o restaurante na rua da
hospedagem já servia a refeição. Então aproveitei e mais uma vez degustei o
conhecido ceviche (prato de entrada). Estava bem melhor que aquele provado em
Pisco. A “cena” custou 6 soles e no segundo prato havia filé de peixe com arroz
e feijão. Delícia.
Hoje aconteceu um conflito bem
violento em Lima, com mortes e centenas de feridos. O episódio, amplamente
explorado pela mídia, aconteceu em uma região conhecida como Gamarra (longe do
centro) onde existe um mercado enorme chamado La Parada, pelo que soube,
trata-se de um imenso e importante centro de distribuição de alimentos para
toda a região metropolitana. Acontece que a estrutura local é antiga e um novo
mercado totalmente moderno foi construído para substitui-lo. Contudo, os
moradores de Gamarra, que por sua vez, trabalham em La Parada, não querem sair
do local atual e como protesto houve uma série de saques e inúmeras lojas foram
destruídas por aqueles que a imprensa chamou de vândalos e selvagens. O conflito
com a polícia foi inevitável e a região se transformou em um verdadeiro campo
de batalha. As imagens exibidas na televisão e jornais são sinistras.
Voltei para a hospedagem e comecei
a atualizar o diário de bordo. No dormitório somente o turista belga permanece
hospedado. Inclusive, ele deve ficar por mais dois meses na capital em razão do
seu trabalho voluntário na cozinha de um restaurante para pessoas carentes.
Cada vez encontro mais histórias interessantes de viajantes pela América do
Sul.
Infelizmente não escrevi muito no
diário porque o sono chegou mais cedo que o normal, afinal, meu dia foi
bastante movimentado e de muita caminhada. Então o corpo necessitava de
descanso. Fui dormir.
27/10/2012 - 111° dia - Lima
(Folga)
Mais uma noite tranquila na
pousada.
Acordei cedo, tomei meu café da
manhã que mais uma vez estava caprichado e então comecei a escrever o diário de
bordo. Fiquei nesta função até a hora do almoço quando fiz uma pausa e fui
procurar um lugar para comer. Achei um restaurante mais barato aqui próximo da hospedagem.
Apenas cinco soles. Menu econômico e tradicional, inclusive, novamente degustei
filé de peixe. É gostoso e não me importo que esteja frequentemente no cardápio.
No final da tarde fui me
encontrar com o casal alemão Anne e Anselm na Plaza de Armas. Na verdade fui me despedir dos
amigos que me acompanharam na Isla del Sol (Copacabana/Bolívia) e Machu Picchu
(Cusco/Peru). Infelizmente eles retornam para a Alemanha antes da data prevista
por causa de uma fratura no pé do Anselm.
Começo da noite na Plaza de Armas.
Camarada Anselm e seu pé engessado. Boa recuperação, papito.
Nosso reencontro foi bem legal e não poderia
ser diferente, pessoas extremamente simpáticas e animadas. Fomos jantar em um
restaurante chinês onde a sopa era bem estranha, mas o prato complementar, Tortilla de Pollo con Arroz Blanco, estava
apetitoso. O casal fez questão de pagar minha refeição, um presente “atrasado”
de aniversário. Agradeci muito, sobretudo, a companhia agradável de sempre.
Tortilla de Pollo. Presente de aniversário.
Após a janta caminhamos até a
pensão e nos despedimos, eles pegaram um taxi para Miraflores onde estão
hospedados. Combinamos de nos encontrar um dia em alguma parte desse mundão.
Sinceramente não duvido que isso não demore a acontecer novamente.
Companhia excelente.
Com a economia do jantar resolvi
permanecer mais um dia em Lima, agora volto para a estrada somente na segunda-feira,
assim tenho maior tempo para atualizar com calma o site e quem sabe poder
conhecer um pouco melhor a capital. Agora o Equador está cada vez mais perto.
Faltam apenas mil quilômetros para atravessar mais uma fronteira.
“Hasta la Victoria Siempre”
28/10/2012 - 112° dia - Lima
(Folga)
Dia dedicado à atualização do site.
Ao meio dia aproveitei a saída para almoçar e passei em um supermercado para comprar água, bolachas, pães e itens de higiene para seguir viagem amanhã.
Na região de Trujillo devo mandar notícias e fazer uma nova atualização. Aguardem!
PS: Tudo indica que ainda hoje eu consiga responder todos os comentários pendentes. Desculpem a demora. Novas mensagens são bem-vindas.
Obrigado a todos pelo apoio de sempre.
Abraços.